segunda-feira, 13 de junho de 2011

Fgv - Uma fundação desta não pode ter um posicionamento deste.



Olá Amigos,

Escrevo para relatar um fato decepcionante.

Fui convidado a visitar o site da Fundação Getúlio Vargas (FGV) noCentro de estudos de Sustentabilidade.

Achei o nome bonito e pensei....... Nossa a FGV interessada nisto !  Devem fazer um trabalho sério !

Pois bem. Ao pesquisar no site eu encontrei um documento sobre um estudo da ISO 26000.

Para quem não conhece a ISO 26000 é a norma de responsabilidade social, muito interessante por sinal.

Até ai tudo bem se não fosse um pequeno detalhe. Sabe quem patrocina este projeto da FGV ?

A Souza Cruz !!!!! Isto mesmo. Aquela empresa socialmente responsável que vende aquele produto totalmente sustentável que é o cigarro.

Achei deprimente este posicionamento da FGV. Depois disto pergunto.... Que credibilidade esta fundação possui para falar de sustentabilidade ?

Para não dizerem que estamos julgando seu ouvir todas as partes, enviamos o e-mail abaixo para saber o porque desde posicionamento dúbio.

Segue abaixo os nossos questionamentos. Vamos aguardar.

Prezados,

Acabo de ler o material de vocês sobre a ISO 26000, mas gostaria de saber qual o critério de vocês para escolher seus parceiros para patrocinar este material.

Ao ver a Souza Cruz como patrocinadora, este trabalho de vocês para mim perdeu toda a credibilidade, pois a própria norma ISO 2600/ ABNT pag 54 diz na relação com o consumidor que:

Segurança: É o direito de acesso a produtos não perigosos e de proteção dos consumidores contra perigos para sua saúde e segurança provenientes de processo de produção, produtos e serviços.


Como vocês chancelam o patrocínio deste livro com uma empresa desta ?

Vocês poderiam me explicar ?


Atenciosamente,

Roberto Leite.





2 comentários:

  1. Roberto, apesar de entender o cerne de seu questionamento, eu gostaria de colocar alguns pontos e te perguntar como você os considera:

    Ao receber da sociedade (nós) a outorga para desenvolver sua atividade, a Souza Cruz, como outra empresa qualquer, fabrica produtos que são demandados por seus consumidores, que podem e devem assumir os riscos por sua utilização.

    Neste processo, ela atende às normas legais vigentes, recolhe os impostos que lhe são exigidos e atua dentro dos limites que lhe foram estabelecidos fazendo, inclusive, propaganda negativa de seu próprio produto, de acordo com diretrizes e legislação aplicável.

    Ainda assim, se fôssemos pensar, em última instância, na relação produto x risco e a sustentabilidade, chegaríamos à conclusão de que poucas empresas poderiam se candidatar a receber o título de sustentáveis.

    Nenhuma das petrolíferas certamente o seriam, mineradoras, indústrias pesqueiras e muitos produtores agropecuários, por mais que se esforçassem, jamais alcançariam o grau necessário. Bancos e financeiras com o constante viés de endividamento de seus clientes, também estariam de fora. Produtores de bebidas cairiam na mesma seara da Souza Cruz e fornecedores de alimentos industrializados poderiam também ser colocados de lado pela quantidade de sal e gordura de seus produtos. Até mesmo fabricantes de equipamentos para esportes radicais, como escalada, cascading, paraquedismo e automobilismo não deveriam ser considerados pois, assim como os fumantes, seus usuários também assumem risco de morte e invalidez permanentemente. Até mesmo os produtores de deliciosos morangos que adotassem a agricultura convencional poderiam ser acusados de envenenar seus consumidores por conta dos agrotóxicos profundamente escondidos nos poros das frutas.

    Assim, sob minha ótica, amenos que a atividade da empresa seja ilícita, esta jamais deveria ser considerada numa relação de melhores práticas socioambientais ou diminuir o valor de seu esforço em atingir a sustentabilidade.

    Um grande abraço,

    Alexandre Alves
    Gestor ambiental, ambientalista, ex-fumante e pragmático.

    ResponderExcluir
  2. Prezado Alexandre Alves,

    Primeiramente parabéns por ser hoje um ex fumante, com certeza foi uma sábia decisão, também obrigado pelo seu comentário, com certeza escrevemos este blog para este tipo de questionamento.

    Se analisarmos no âmbito as questões que você levantou, com certeza nada seria sustentável, no entanto, penso que o principal do processo para uma empresa buscar esta titulação é a informação e neste caso a indústria tabagista deixa muito a desejar.

    No post seguinte a este sobre a FGV acredito que deixo mais claro a minha posição, pois o problema não é a liberdade de fumar e os riscos associados, mas como isto é comunicado, pois ao ler o relatório da Souza Cruz as informações não são claras.

    Penso também que a questão da sustentabilidade tem que estar ligada a funcionalidade dos produtos e serviços. Por exemplo, quando pensamos no petróleo ou no minério, isto que necessário para a nossa vida, em nossa sociedade, no modelo atual (e devemos mudar este modelo), somos dependentes desses recursos para vivermos e pela grande necessidade de energia, assim, vejo que a sustentabilidade está atrelada nessas empresas numa gestão de minimizar de maneira efetiva os danos, já o cigarro eu pergunto (pergunto, pois nunca fui fumante) que benefício ele acarreta para a sociedade ??? Não encontro nenhum que garanta sua convivência na sociedade, neste caso quem produz cigarro tem a mesma utilidade da indústria bélica, somente matar.
    Sei que este assunto é polêmico e gostaria e muito de trocar ideias com outras pessoas.

    Obrigado Alexandre pelos seus comentários.

    ResponderExcluir