quarta-feira, 29 de junho de 2011

Bradesco. Em muitos aspectos, cada ano que passa ele fica pior.


Olá Amigos,

Depois de quase um ano de funcionamento do nosso blog o ciclo começa a se fechar e finalmente vou poder fazer aquilo que pretendia desde o ano passado, comparar balanços de sustentabilidade de uma mesma empresa.

Junho, juntamente com o inverno e festa junina é a época em que as empresas publicam os seus balanços e nesta semana fiquei sabendo pelo sistema Report Alert que o Bradesco havia publicado o seu mais novo balanço.

OBA !!!!! Resolvi ler com atenção o que o banco do Planeta tinha para nos contar sobre o seu processo de gestão.

DECEPCIONANTE........

O relatório piorou muito de um ano para outro, a qualidade do texto, os detalhes de informação ficaram pífios, bem como os resultados de gestão da sustentabilidade da empresa.

Parece que o banco perdeu a mão ou decidiu não ser mais tão transparente quanto era. O relatório ficou muito, mas muito ruim, ao ponto deles afirmarem que a partir de 2011 eles irão reduzir os públicos de relacionamento devido a complexidade. 

ALÔÔÔÔÔÔ !!!!! Bem vindos ao século XXI Bradesco. O mundo é complexo e não adianta definir que não vai mais se relacionar com este ou aquele público, não é mais as empresas que escolhem, mas a sociedade.

Pois bem, para complementar a análise, segue os questionamentos encaminhados ao banco.

Prezado Sr Gabriel de Almeida Clemente,

Sou Roberto Leite, editor do blog "Testando os limites da sustentabilidade" e no ano passado você respondeu um de nossos leitores sobre o relatório de sustentabilidade do banco edição 2009.

Como vimos que o Bradesco publicou os resultados de 2010, voltamos a ler o material e notamos que o relatório ficou um pouco mais fraco de conteúdo que nos últimos anos e que alguns resultados não melhorarm e outros até pioraram consideravelmente.

Visto que as explicações do relatório não foram totalmente claras, tomei a liberdade de te escrever para saber dados adicionais.

Segue abaixo os nossos questionamentos e como no ano passado, aguardamos atentamente as respostas.

Muito Obrigado.

1- Vocês poderiam explicar melhor a razão de reduzir a gama de públicos de relacionamento do Banco ? Não entendi a justificativa. Pelo fato de ser algo complexo vocês não irão mais se relacionar com determinados públicos ? É isto ? Vocês não estão negando a complexidade do mundo fazendo isto ?

2 - Vocês afirmam que criaram um sistema que avalia a qualidade e melhora o tempo de espera dos clientes e provoca a melhoria. Vocês possuem dados quantitativos para evidenciar se esta melhora realmente aconteceu ? O tempo médio das agências caiu de quanto para quanto em minutos ?

3- Qual o grau de autonomia do "Agente de Qualidade". Ele está acima do gerente da agência na Hierarquia ? Ele possui garantia de emprego ? Como ele pode garantir a qualidade do serviço ?

3 - A lei Lei 7.102, de 1983 obriga a reciclagem de vigilantes pelas empresas que vocês contratam. Como vocês auditam este treinamento ?



4- As reclamações dos clientes subiram 67% de 2008 para 2009  e agora subiu mais 2,46 % em 2010, sem contar o aumento no número de cancelamentos em 40,5% entre 2009 e 2010. Isto não evidencia uma falta de empenho por parte do banco em atender bem os clientes ? Qual a razão disto ?

5 - Qual a razão das reclamações na ouvidoria subirem 65 % entre 2009 e 2010 ? Qual foi o fato gerador de uma insatisfação tão grande por parte dos clientes para que as reclamações fossem parar na ouvidoria nesta amplitude ? Qual a real deficiência do atendimento deste banco ? Parece que a diretoria está sendo ineficiente tendo como base os relatórios mensais que vocês afirmam disponibilizar para os gestores.

6 - A incorporação do Banco Ibi foi o responsável por este aumento absurdo de 42% nas reclamações que chegaram ao Banco Central. Se isto for procedente, isto não evidencia uma fraca gestão do banco com relação ao processo de transição no atendimento ao cliente ? Se não foi o caso do Ibi, o que realmente aconteceu ?

7 - Vocês poderiam explicar melhor este caso de quebra de sigilo bancário em 2010 ? Isto é muito sério quando se trata de um banco. Que segurança tenho em ser cliente de vocês que meus dados estão protegidos?

8- Parabéns pela área de seguros, as reclamações diminuiram bastante.

9- Vocês poderiam explicar a metodologia da pesquisa de clima ? Ela é aplicada por amostragem ou de maneira censitária ?

10 - O que está acontecendo no Banco para que tantos empregados sofram discriminação ? Pelo terceiro ano seguido há um aumento considerável nos casos ( 24 em 2008, 73 em 2009 e 154 em 2010). Quais são os principais problemas ? Qual a gestão da empresa para com isto ? 

11- Por que o volume de denúncias de assédio moral dobrou de 2009 para 2010 ? O que a empresa está fazendo para reverder isto ? Vocês perderam em ações judiciais contra assédio moral nos últimos 3 anos R$ 1.357.747,03 . Isto não é uma gestão efetiva de recursos humanos condizente com o fato de ser uma das melhores empresas para se trabalhar. Não seria mais barato treinar e conscientizar as pessoas do que pagar este valor enorme ?

12- Por que a participação em treinamento e a média de hora de treinamento dos funcionários caiu de 2009 para 2010 ? Isto não contradiz com a principal deficiência dita pelos clientes na pesquisa em que os empregados precisam ser mais treinados ?

13- Parabéns pela redução das lesões dos empregados nos últimos anos, mesmo aumentando o efetivo. Isto revela o empenho de vocês para com esta questão.

14 - Vocês afirmaram que em 2010 firmaram 2.348 contratos com fornecedores, mas auditaram apenas 39. Como vocês acreditam que esses fornecedores estão aplicando os conceitos socioambientais do banco ? A amostra não é muito pequena ?

15 - Por que o monitoramento preventivo anti-corrupção caiu sua participação em mais de 10% no ano de 2010 ?

16 - vocês poderiam divulgar informações mais concretas de gestão ambiental do banco como um quadro comparativo do consumo de energia nos últimos anos, o uso ou não de energia de origem não renovável e seu comparativo nos anos, redução ou não do lixo eletrônico durante os anos ou algo do genero e uma tabela com um estudo das emissões de gases ? Ao ler o relatório vejo como boas intenções, mas não notei nada concreto no âmbito ambiental para um banco que se diz do planeta.

17 - Parabéns pelo aumento no investimento social privado em 2010, isto revela um interesse do banco nessas questões sem o interesse fiscal para isto.


segunda-feira, 27 de junho de 2011

Pão de Açucar. Pode ainda não ser um lugar de gente feliz, mas o pessoal trabalha para isto.


Olá Amigos,


Depois de muito, mas muito trabalho em conseguir uma resposta (acho que o Pão de Açucar só perde para Ford para se obter os contatos) o Grupo Pão de Açucar respondeu (GPA).


Fiquei satisfeito com a qualidade e sinceridade das respostas, pois é isto que nosso grupo espera das empresas, não buscamos empresas perfeitas, mas que revelem seus problemas e como estão fazendo para supera-los.


Ao ler as repostas, acredito que faltaram dados mais quantitativos para reforçar alguns posicionamentos e principalmente deixar mais claro no relatório os riscos da gestão de sustentabilidade para o GPA.


Segue abaixo as respostas e em seguida o nosso e-mail encaminhado a assessoria de imprensa do GPA.


Boa Leitura a todos.



Caro Roberto, bom dia. Parabenizamos pelo seu blog e agradecemos o contato.
Seus questionamentos foram compartilhados com todas as áreas envolvidas da empresa e levamos alguns dias para obter todas as respostas, razão da demora em lhe retornar – aproveito e peço desculpas por esse período. Com base nas informações recebidas, a área de Sustentabilidade do Grupo Pão de Açúcar desenvolveu as respostas e esperamos com elas atender às suas expectativas em relação ao detalhamento das informações. Caso ainda tenha algum ponto, nos mantemos a disposição.  


1- Como a norma ISO 26000 foi referência para o Grupo Pão de Açucar (GPA), se a mesma entrou em vigor somente em dezembro de 2010? 
O nosso Relatório sempre trata do ano fechado (janeiro a dezembro), porém para termos todos os dados fechados, a redação e finalização dele acontece sempre no ano seguinte. Com isso apesar da ISO ter entrado em vigor no final de 2010, conseguimos usá-la na confecção do material que foi escrito no começo de 2011.

2- Nos valores da empresa está incluso o "Nossa Gente" onde vocês afirmam que se preocupam com a qualidade de vida e motivação dos seus empregados, no entanto, não foi apresentado no relatório nenhum resultado efetivo de pesquisas de clima organizacional que comprove esta questão como valor. Assim pergunto: O Pão de Açucarrealmente é um lugar de gente feliz? Como isto pode ser provado?
Ser um lugar de gente feliz é uma proposta de valor para o Grupo Pão de Açúcar, e alcançar este patamar demanda de nós atenção e trabalho constante e incansável. As políticas e práticas de Gestão de Gente existem para buscarmos este ideal. Ele faz parte do nosso dia a dia e das nossas decisões. Para nos ajudar a direcionar melhor as iniciativas, retomamos a gestão do clima organizacional em 2009, quando voltamos a realizar a Pesquisa de Clima, ou de Engajamento. Ela nos deu uma série de insumos para trabalharmos de forma mais efetiva e direcionada na melhoria das condições para nossos colaboradores. Por exemplo, implementamos ações como a ampliação da licença-maternidade para seis meses, apagar das luzes da sede às 19h30 para incentivar nossos colaboradores a não estenderem a jornada de trabalho, ampliamos a folga de liderança em lojas aos finais de semana, reduzimos o tempo de contratação de novos colaboradores. E outras iniciativas estão sendo estudadas para implementação breve. A pesquisa que avaliará as evoluções será implementada neste ano. 

3- A sustentabilidade foi incluída na base da gestão do GPA, no entanto, na gestão de risco da empresa, em nenhum momento é avaliado os riscos relativos a uma gestão não sustentável. Isto não é uma contradição na gestão da empresa?
Os riscos de uma gestão não sustentável são avaliados em todas as tomadas de decisão, e são eles que direcionam a execução, o desenvolvimento de novos projetos, e revisão de processos periodicamente dentro da empresa.

4- Vocês afirmam que "Todos os colaboradores do GPA devem ser conscientizados e capacitados a decidir e atuar de forma sustentável". Como isto é efetivamente realizado e quais resultados efetivos dessas ações?
Na grade de capacitação temos um treinamento de integração para todos os colaboradores onde são apresentadas todas as iniciativas de sustentabilidade realizadas pelo GPA. Além disso, os colaboradores passam por capacitações específicas relacionadas às ações existentes na sua loja / Bandeira. (ex. Caixa Verde, WS Sustentabilidade Pão de Açúcar, outros) outras ações correlacionadas ao tema são as capacitações para conscientização dos colaboradores para evitar desperdícios (redução das quebras e ações de redução de despesas).
Todas as iniciativas desenvolvidas pelo GPA ou por meio de suas bandeiras são apresentadas em todos os canais de comunicação internos, todos os colaboradores que entram na organização passam por uma apresentação sobre políticas, diretrizes e projetos de sustentabilidade, e eventualmente estes colaboradores recebem treinamentos específicos com entidades reconhecidas sobre o tema em questão.

5- A pergunta também de refere a política 3: "O GPA incentiva a atuação em sustentabilidade de todos os colaboradores em sua vida pessoal e demais papéis sociais"
Assim como comunicamos para todos os nossos colaboradores todas as iniciativas que desenvolvemos, incentivamos o envolvimento com os seus familiares, e colocamos a disposição de todos os projetos em questão.

6-  Como a política 1 com os fornecedores "A prática da sustentabilidade ao longo de cada cadeia em que o GPAatua deve resultar em ganhos de eficiência (com redução de custos, desperdícios e riscos), novas oportunidades de negócio e impactos sociais e ambientais positivos" é efetivamente realizado com resultados conclusivos desta política?
Temos um programa forte em nossa cadeia de fornecedores para incentivar e influencia-los para uma atuação mais sustentável e que tragam benefícios para todas as partes.  Um exemplo deste tipo de ação é o premio Top Log, que ao longo do ano todo possui indicadores de controle sobre os fornecedores para medir os resultados das entregas, em questão de tempo, sustentabilidade, qualidade, entre outros aspectos.

7- Vocês afirmam que promovem iniciativas de inclusão social no GPA e para isto citam o programa Jovem Aprendiz e o programa para emprego de deficientes. Visto que isto é uma exigência legal, como o GPA afirma que isto é uma iniciativa da empresa? 
Consideramos as iniciativas dos programas numa visão geral, incluindo programas exigidos por lei e de cunho social. Entendemos que os programas exigidos por lei, não deixam de ter um caráter social, pois a forma com que cada empregador se relaciona com seus colaboradores é o que de fato vai fortalecer sua cultura de inclusão social. Promover o respeito e ter em nosso time pessoas jovens, com e sem deficiência, idosos, e outros grupos que representam a nossa sociedade é atuar em prol da diversidade, independente da legislação. As iniciativas do grupo se referem a contratação, desenvolvimento e retenção dos profissionais dos diferentes programas que temos atualmente. 

8- Por que o sistema de Feedback do GPA atingiu somente 13.517 colaboradores em um universo de mais de 70 mil? Isto não contradiz a afirmação que diz : "não basta apenas oferecer treinamento, é preciso fazer um acompanhamento periódico do desempenho das equipes".
O Pão de Açúcar possui um processo estruturado de avaliação e acompanhamento de desempenho de seus funcionários. Este processo é anual e acontece para funcionários de todos os níveis da empresa. No ano de 2010 o índice de feedback realizado foi de 93%. 

9- Como um grupo de lojas registra um número tão alto de óbitos de empregados 8 (de 2008 a 2010). Como morre tanta gente assim em uma atividade praticamente sem risco?
A companhia tem como um de seus valores fundamentais a segurança dos colaboradores, prestadores de serviços e clientes que circulam em nossas lojas e demais estabelecimentos. O lamentável número de 08 óbitos ocorrido entre os anos de 2008 a 2010, corresponde a uma taxa de lesão de 0,00009 acidentes por homem/hora, numa população de cerca de 76.000 colaboradores
Dos 08 acidentes mencionados, 05 foram acidentes de trajeto em que os colaboradores estavam em veículo particular (a maioria moto). A Companhia ciente da sua função social faz constantemente palestras de conscientização no trânsito, direção defensiva e ações para prevenir esse tipo de ocorrência.
Nos 03 casos restantes, 01 ocorreu com prestador de serviços em 2008 e desde então, reforçamos os procedimentos de controle dos mecanismos de Segurança do Trabalho das empresas que nos prestam serviços.
Ao passo, que nos únicos 02 casos de óbito de colabores da Companhia em atividade ligada ao trabalho no período de 2008 a 2010, todas as responsabilidades foram apuradas e foram adotadas todas as medidas necessárias para evitar que qualquer sinistro ocorra, com reforço nas ações de orientação, capacitação e reciclagem.
Em todos os casos, a Companhia prestou toda a assistência necessária às famílias do colaborador. 

10- Quanto o GPA investe em projetos esportivos e sociais na comunidade ? Visto que vocês afirmam que isto é uma atividade planejada, gostaria de saber quantos % do faturamento é investido em atividades sociais e se isto realmente é um investimento ou o recurso é oriundo de dedução fiscal. 
O valor que o Instituto GPA recebe todos os anos, é oriundo de incentivo fiscal referente 2% do lucro operacional do GPA.
Os investimentos esportivos não são oriundos de dedução fiscal, a definição de quanto será investido ao longo do ano nesta área é definido juntamente com o planejamento estratégico da empresa, e não possui um valor pré-definido relacionado ao faturamento da empresa.

11- Nas questões de sociedade vocês falam muito a palavra "ENGAJAMENTO". Vocês poderiam definir qual o sentido desta palavra para o GPA e como isto é refletido em resultados práticos e quantificáveis ? O mercado possui metodologias para isto, vocês aplicam alguma?
Quando nos referimos à Nossa Gente, Engajamento, para nós, é sinônimo de gestão de clima. Adotamos os conceitos mais alinhados às tendências atuais neste setor, que definem como Engajamento não só a satisfação do colaborador com o ambiente de trabalho e suas ferramentas, mas a sua disposição em empenhar-se pelo sucesso da Cia. Com a Nossa Gente, o engajamento é avaliado pela Pesquisa de Clima, que atualmente é rodada a cada dois anos. 

12- Vocês falam que fazem uma pesquisa de satisfação com os clientes, mas não apresentaram os resultados. Os clientes estão satisfeitos? Os clientes enxergam o GPA como um lugar de gente feliz?
Para avaliação da satisfação dos nossos clientes, realizamos estudos anuais com cada bandeira do Grupo e em 2010, as nossas marcas, de uma escala de 0 a 10, atingiram média de 8 pontos de satisfação, nível nacional. Esse é um percentual que leva em consideração todo o ciclo de compra/ experiência dentro das lojas: preço, forma de pagamento, produtos, atendimento, ambiente e estrutura, localização e conveniência. Consideramos uma nota boa, mas sempre buscamos pontos de melhoria, para elevar nossos índices de satisfação.  

13- No caso do programa MAIS vocês afirmam que o número de usuários de sacolas ecológicas saltou de 40 mil para 97 mil. Como vocês afirmam isto categoricamente? Somente com base na venda dessas sacolas na loja ou vocês possuem um registro efetivo de uso na boca do caixa?
Dentro do Programa Mais temos uma ação de incentivo ao uso de sacolas retornáveis para estes clientes, pontuando aqueles que fazem uso das sacolas. Com esta iniciativa conseguimos contabilizar quais são os  clientes da nossa   base que fazem uso deste produto.  

14 - Vocês possuem algum plano futuro de barrar fornecedores que não adotem políticas de responsabilidade social?
O principal objetivo do GPA é de estimular o consumo consciente em toda a sua cadeia e a transformação desta cadeia. Com isso, caso tenhamos fornecedores que não adotem políticas de responsabilidade social, o nosso primeiro passo será tentar influenciá-los para que a partir deste contato possam passar a aderir e praticar ações de sustentabilidade.

15 - Quantos % das carnes vendidas pelo GPA são rastreáveis?
Hoje somente as carnes Taeq possuem rastreabilidade desde a genética (inseminação) - estas somam 5% das vendas das carnes bovinas. O produto esta presente hoje em 250 lojas no Brasil e devem ser incrementadas neste ano, de 55 mil para 65 mil vacas inseminação, o que vai elevar essa participação provavelmente em mais 1 ponto percentual no próximo ano, e assim continuaremos no ritmo sustentável com esse Conceito.  Além disso, os fornecedores de carne do GPA possuem rastreabalidade em seu processo produtivo. 


16- A idéia de loja verde é somente um conceito ou o GPA pretende fazer isto em todas as lojas no médio e longo prazo. 
Sim, a idéia é que todas as lojas novas e as reformadas tenham iniciativas verdes, seja nas construções sejam no equipamento de loja e inclusive na sua operação.  

17- Quando as caixas verdes estarão presentes em todas as lojas do grupo? 
A ideia é chegar em 100% das nossas lojas do Pão de Açúcar até o final de 2012.

18- Por que o consumo de energia primária de fontes não renováveis está aumentando tanto? Isto é reflexo de um programa de expansão sem uma gestão sustentável do uso racional de energia? Este raciocínio pode ser empregado também nas questões de consumo de água e esgoto?
O crescimento de consumo de energia primária de fontes não renováveis (óleo diesel) no relatório se deu pela melhor apuração de dados em relação ao ano anterior. A contabilização das despesas dentro dos sistemas evoluiu e permitiu uma melhor coleta de dados. Isto vale também para as informações de água e esgoto onde não tínhamos a centralização das contas na nossa sede. O que temos feito é ampliar a aquisição de fontes de energia renováveis.


19- Por que a utilização de substancias destruidoras da camada de ozônio subiu tanto de 2009 para 2010? Isto também é reflexo de uma possível deficiência na gestão sustentável dentro de um plano de expansão.
Várias iniciativas desenvolvidas pela companhia geraram este aumento, segue abaixo as explicações detalhadas:
. em 2010 um acréscimo de 31 lojas novas, que apresentaram aumento de ocorrência de vazamento de gás refrigerante
. em 2010 um total de 24 lojas que sofreram grandes reformas ou viradas de bandeira que, em razão de acréscimo e remanejamento do frio alimentar apresentaram necessidade de utilização de gás refrigerante.
. melhora no procedimento de controle e utilização da quantidade de gás refrigerante, o que proporcionou informações que antes não identificávamos.
. apesar da manutenção preventiva em nossas lojas, o parque instalado sofre com a ação do tempo, o que proporciona a incidência de vazamentos, elevando o nível de consumo do gás refrigerante.

 Atenciosamente,

Paula Pedrão
Relações com a Imprensa

NOSSA RESPOSTA

Prezada Paula,

Agradeço e muito sua atenção em nos responder. Fiquei satisfeito com as respostas e isto realmente está condizente com o que esperava do GPA. Como cliente deste grupo posso sentir isto no dia a dia da empresa.

Somente dois pontos que vejo como relevantes e que deveria ser melhorado.

Primeiro: Melhorar a canal de comunicação para esclarecer dúvidas sobre questões institucionais. Confesso que foi um inferno obter o contato de vocês, tive que fazer várias pesquisas no google, twitter, facebook e linkedin para encontrar um canal sem passar pelo burocrático e travado sistema do site Fale Conosco que trata especificamente de relações de consumo dos clientes com suas respectivas lojas.

Segundo: Um ponto importante que deve estar no relatório do ano que vem é a gestão de risco ligado a sustentabilidade de maneira explícita dizer que está sendo avaliado sem deixar claro no papel denota uma falta de compromisso na gestão ao meu ver.

Solicito também dados mais quantitativos, tudo parece ainda estar na boa intenção, mas vejo que vocês estão trabalhando para isto.

Continuem neste caminho.

Roberto Leite.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Responsabilidade Social e suas diversas interpretações. A FGV tem a sua.



Olá Amigos,

Hoje recebemos a resposta da FGV com relação aos nossos questionamentos éticos com relação da Souza Cruz dar sua chancela (por meio de um patrocínio) a um material alusivo a ISO 26000.

Para quem não conhece, a ISO 26000 é a norma internacional de Responsabilidade Social aprovada mundialmente em dezembro de 2010.

Por ser algo novo, a responsabilidade social pode ser vista com várias formas de interpretação, mas esta norma ajudou a dar um norte na relação das organizações e sociedade.

Dado o contexto, notamos que a FGV apesar de fazer um trabalho bem interessante sobre a norma, não se ateve alguns detalhes para aprovar a Souza Cruz como uma empresa referência para uma norma tão importante para este século.

Assim, segue a resposta da Fundação com relação ao questionamento da participação da indústria tabagista dentro de um programa de responsabilidade social e em seguida a nossa réplica.

Boa leitura a todos.


Prezado Sr. Roberto Leite,

Agradecemos o seu interesse na publicação “Contribuições do 1º grupo de trabalho do GVces sobre a ISO 26000: a norma internacional de Responsabilidade Social”. Esperamos que tenha apreciado a leitura do documento, que traz os principais pontos da norma, bem como relatos das empresas participantes do grupo relacionados aos diferentes pontos da Norma.

A publicação sistematiza as discussões que ocorreram durante os encontros do GT, que teve como objetivo divulgar a Norma e mobilizar as empresas no sentido de adotar suas diretrizes, além de promover o diálogo.

“Objetivos do Grupo de Trabalho (GT) (página 7 da publicação)
Construção coletiva, processos colaborativos que propiciam troca de experiências e o aprendizado comum têm sido a aposta do GVces. Entre as iniciativas promovidas pelo centro, destaca-se o grupo de trabalho da ISO 26000. Além de mergulhar no conteúdo da Norma recém-publicada, o objetivo desse grupo foi refletir sobre sua aplicabilidade nas empresas participantes. Durante o processo, que teve duração de cinco meses, foram registradas e compartilhadas visões, experiências e percepções. Entre os objetivos específicos do grupo, destaca-se a produção de um conjunto de considerações e recomendações práticas sobre as possibilidades de integração das orientações da ISO 26000 às atividades das empresas brasileiras. O GT foi aberto com um seminário realizado em 5 de julho de 2010, com mais de 400 inscritos. No seu encerramento e, como parte de seus objetivos, foi realizado um seminário aberto no qual foram apresentados os principais resultados do trabalho. O terceiro objetivo do grupo a destacar foi a sistematização do conteúdo dos encontros em uma publicação, que resultou neste documento. “

A Norma ISO 26000 é clara no sentido da sua abrangência: “Esta Norma visa ser útil para todos os tipos de organizações nos setores privado, público e sem fins lucrativos, sejam elas grandes ou pequenas, com operações em países desenvolvidos ou em desenvolvimento. Embora nem todas as partes desta Norma tenham a mesma utilidade para todos os tipos de organizações, todos os temas centrais são relevantes para todas as organizações.”

Promover atividades de engajamento é parte central da missão do GVces. O GT e a publicação foram realizados com o espírito de construir caminhos para um mundo melhor, e apoiados na crença de que os resultados desse trabalho podem estimular mudanças nas empresas participantes e em outras empresas que se interessem pelo tema. O GVces e a FGV estimulam a participação de qualquer empresa nas suas atividades e oficinas, independente do seu setor de atividade. As empresas fizeram um investimento para participar do GT e receber a capacitação.

Atenciosamente
Roberta Simonetti
Programa de Sustentabilidade Empresarial e Finanças Sustentáveis
Centro de Estudos em Sustentabilidade - GVces
Fundação Getulio Vargas

NOSSA RESPOSTA

Prezada Roberta,

Agradeço muito o seu contato, mas discordo e muito do posicionamento da FGV sobre esta questão.

Digo isto, pois ao ler a norma ISO 26000 noto que o posicionamento da Souza Cruz contradiz e muito com o que se espera de uma empresa socialmente responsável.

Reforço isto tendo como base na norma ISO 26000 nas questões relativas ao consumidor.

No item 6.7.2.1, dentre os vários princípios que rege esta relação socialmente responsável encontra-se:

Segurança : É o direito de acesso a produtos não perigosos e de proteção dos consumidores contra perigos para sua saúde e segurança provenientes de processos de produção, produtos e serviços;

Ser informado : É o acesso dos consumidores a informações adequadas que lhes permitam fazer escolhas fundamentadas de acordo com seus desejos e necessidades e ser protegidos contra propaganda ou rotulagem desonesta ou enganosa;

Ser ouvido: É a liberdade de criar grupos ou organizações de consumidores ou similares e a oportunidade dessas organizações apresentarem seus pontos de vista nos processos decisórios que os afetem, especialmente na elaboração e aplicação de políticas governamentais e no desenvolvimento de produtos e serviços;

Além dessas questões, percebo também que a indústria de cigarro não atende partes do item 6.7.3.2 da norma que diz:

Não se envolva em nenhuma prática que seja ardilosa, enganosa, fraudulenta ou injusta, obscura ou ambígua,inclusive omissão de informações cruciais;

Aspectos referentes à saúde e segurança dos produtos e serviços, tais como usos potencialmente perigosos, materiais perigosos e produtos químicos perigosos contidos ou lançados pelos produtos durante seu ciclo de vida;

Já quando lemos o item 6.7.4.2 vemos que a indústria de cigarro não pode ser considerada socialmente responsável pois de acordo com a norma o cigarro não pode ser considerado ideal, tendo como base a seguinte prerrogativa contida na mesma:

Forneça produtos e serviços que, sob condições de uso normais e razoavelmente previsíveis, sejam seguros para os usuários, outras pessoas, suas propriedades e para o meio ambiente;

Ainda tendo como base a norma, quando vemos o consumo sustentável (item 6.7.5.2), a norma deixa claro que o cigarro não pode ser socialmente responsável quando diz:

Promova educação eficaz que possibilite aos consumidores compreender os impactos de suas escolhas de produtos e serviços no seu bem-estar e no meio ambiente. Conselhos práticos podem ser fornecidos sobre como modificar padrões de consumo e fazer as mudanças necessárias;

Eliminando, sempre que possível, ou minimizando todos os impactos negativos na saúde (...)

Fornecendo aos consumidores informações cientificamente confiáveis, consistentes, verdadeiras, precisas, comparáveis e verificáveis sobre os fatores ambientais e sociais relacionados à produção e entrega de seus produtos ou serviços, inclusive, quando apropriado, informações sobre eficiência de recursos, levando em conta a cadeia de valor

Fornecendo aos consumidores informações sobre os produtos e serviços, como: impactos de desempenho na saúde (...)

No entanto, isto fica mais evidente quando vemos a relação consumo e educação e noto que o cigarro é um ponto fora da curva quando (item 6.7.9.2):

Ao educar os consumidores, convém que, quando apropriado, uma organização aborde:
- Saúde e segurança, inclusive os perigos dos produtos;
- Informações sobre riscos associados ao uso e como tomar precauções;

Assim, vemos que a Souza Cruz patrocinar um documento tão importante quando este da FGV é uma discrepância muito grande.

Vejo com apreço e admiração o trabalho desta fundação, mas noto que a chancela da Souza Cruz praticamente eliminou qualquer avaliação positiva desta iniciativa por parte da FGV.

Sugiro que a fundação seja mais coerente na escolha dos seus parceiros quando se tratar de responsabilidade social, pois ficou muito claro uma dependência economica da FGV para com esta questão, praticamente dissociando o trabalho de vocês para com a responsabilidade social.

Atenciosamente,

Roberto Leite.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Copersucar. Em termos de sustentabilidade esta empresa ainda trabalha no conceito de Casa Grande e Senzala.


Olá amigos,

Acabamos de receber a resposta da Copersucar. Realmente ficamos felizes com o atendimento da empresa, principalmente da equipe de assessoria de imprensa, mas a resposta......

As vezes me pergunto porque as pessoas acham que outras são ingênuas ou algo assim. A resposta enviada foi uma das mais sem pé nem cabeça que recebi nos últimos tempos (acho que só perde para a resposta do Corinthians )

Ficaria mais bonito a empresa afirmar...... Olha, o nosso relatório realmente está fraco, o que fizemos foi um tiro no pé, pois achávamos que isto fosse somente uma ferramenta de Marketing Verde e nada mais.

Se tivesse recebido uma resposta desta eu aplaudiria esta empresa de pé, mas isto só pode acontecer em sonho.

As perguntas que fizemos estão embasadas em realidades de pessoas que vivem todo o dia os impactos da indústria da cana no interior de São Paulo e sabemos que por mais "ambientalmente correto" o etanol é visto hoje, as atitudes das usinas de cana de açucar não são nada sustentáveis, a relação casa grande e senzala construída desde o século XVI ainda está presente nessas usinas, logicamente modernizadas e adaptadas aos discursos do século XX, mas ainda muito presente.

O vídeo abaixo revela bem esta afirmação em que denúncias de trabalho escravo foram divulgadas na região de Ourinhos-SP onde a Copersucar possui uma usina de cana de açucar.



Esta reportagem contradiz totalmente com a frase que encontrei no site da Copersucar que diz : Copersucar - Açucar e Etanol para um planeta sustentável (me emocionei com a frase).


Para comprovar isto que estamos falando, segue a resposta da empresa e nosso e-mail questionando a qualidade da mesma.

Boa leitura a todos.


Caro Roberto Leite,
Agradecemos a avaliação do Relatório de Sustentabilidade da Copersucar 2009/2010 e suas ponderações no questionário enviado. Como estudioso atento do tema Sustentabilidade, você é testemunha privilegiada da importância de se relatar os resultados empresariais integrando as dimensões econômica, social e ambiental.
Consideramos todos os seus questionamentos, tecnicamente pertinentes, e ressaltamos que a publicação do Relatório de Sustentabilidade Copersucar, seguindo as diretrizes da Global Reporting Initiative (GRI G3), no nível de aplicação B – GRI Checked, é uma expressiva demonstração do compromisso da empresa com a transparência da gestão e a incorporação da sustentabilidade à estratégia de negócio, de forma a criar valor para todos os públicos de relacionamento, abrangendo a sociedade como um todo. Desempenha, também, importante fator de engajamento das usinas associadas. Ressaltamos, ainda, que a Copersucar está comprometida com oprocesso de melhoria contínua de suas demonstrações, procurando aperfeiçoar a coleta e o tratamento dos dados e elevar o grau de controle e a confiabilidade das informações nos próximos relatórios.

Atenciosamente,

Maria Madalena Mangue Esquiaveto
Coordenadora de Sustentabilidade

NOSSA RESPOSTA

Prezada Maria Madalena,

Agradeço prontamente a sua resposta, realmente fico muito feliz com a atenção dispensada por toda equipe que me atendeu.



No entanto, não entendi dentre as diversas frases clássicas de "gestãones" como "engajamento", "criar valor", "processo de melhoria contínua", "controle" e "confiabilidade" se os questionamentos encaminhados por nossa equipe serão respondidas.

Assim, gostaria de saber se vocês responderão aos questionamentos levantados, caso não seja possível, gostaria de receber uma resposta mais direta.

Atenciosamente,

Roberto Leite



sexta-feira, 17 de junho de 2011

ESTADÃO - Um Grupo de Comunicação reportando suas ações sustentáveis

Olá Amigos,


Nesta semana li o balanço social do Grupo Estado.


Achei interessante ver como um importante veículo de comunicação discute esta questão e ao ler o material eu achei interessante.


Foi muito boa a abordagem do grupo e sua principal preocupação com a informação, no entanto, isto parece que funciona somente da porta pra fora, pois os resultados de gestão internos da empresa estão muito fracos, principalmente no campo ambiental e na qualidade de vida dos trabalhadores.


Visto que este grupo é um veículo de imprensa, resolvemos entrevista-los para saber algumas respostas. 


Vamos ver como se comporta a pedra quando vira vidraça.......


Segue abaixo os questionamentos que encaminhamos ao setor de comunicação interna (responsável pelo relatório) sobre o relatório do grupo Estado.


Prezada Margaret Moraes,

Sou Roberto Leite, editor do blog "Testando os Limites da Sustentabilidade" e escrevo para parabenizar vocês pelo relatório de responsabilidade corporativa do grupo Estado.

Gostei muito do material, o texto está muito interessante e o conteúdo atrativo. Para um veículo de comunicação, vocês realmente atendem o compromisso de informar o cidadão e oferecer novos canais de interação com a sociedade.

Mesmo assim, visto que a proposta do nosso blog é testar os limites, notamos que no campo ambiental e principalmente na área de recursos humanos os dados apresentados ainda apresentam algumas dúvidas e por isto encaminhamos os questionamentos abaixo:

1- Qual foi a razão do grupo estado adotar o uso de uma termelétrica própria para a geração de energia ao invés de utilizar energia predominantemente de hidrelétrica fornecida pela Eletropaulo ?

2- Por que o consumo de água do grupo subiu tanto, principalmente de poços artesianos ?

3- Por que o volume de água reutilizada caiu tanto em 2010 ?

4- Por que vocês não possuem uma metodologia clara para medir a satisfação dos clientes ?

5- Por que a rotatividade dos jovens no grupo Estado é tão grande ? Não existe uma política de retenção de talentos ?

6- O jornalista está para o jornal o que o engenheiro está para uma construtura e um médico para um hospital. Assim pergunto: Por que este grupo de empregados é o menos treinado pela empresa ?

7- Qual a razão de vocês afirmarem que licença maternidade e paternidade é benefício ? Isto não é um direito ?

8- Qual a razão de uma empresa de comunicação possuir um índice tão alto de acidentes com afastamento ? Dados muito superiores a indústrias que apresentam alto riscos aos trabalhadores.

9- Por que as mulheres recebem bem menos que os homens em cargos de liderança dentro do grupo Estado ?

10 - Por que não está clara a gestão de desempenho dos empregados da empresa ?

11- Por que o grupo Estado com a força que possui nos meios de comunicação não auxilia no desenvolvimento de políticas públicas. Sabe-se que isto não acarreta em nenhum momento apoio político ou partidário, mas compromisso com a sociedade. Por que mesmo assim, o grupo opta por estar isento ao desenvolvimento social ?

Desde já agradeço pela atenção e aguardo a respostas para publicação em nosso blog.

Atenciosamente,

Roberto Leite.