quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

POST 200. EDP. Mais uma empresa de energia que se diz transparente, mas na verdade é opaca.



Olá Amigos,

Nesta semana nossa equipe leu o relatório de mais uma empresa de Energia, a EDP. Uma empresa portuguesa com certeza, mas com atuação forte no Brasil.

Buscamos ver esta empresa pois o seu relatório é cotado com nível A+ pelo GRI, ou seja, este relatório deve ser completo e ter passado por uma verificação externa.

Pensamos que iríamos ver um relatório condizente com a categoria relatada, no entanto, o resultado foi um tanto quanto decepcionante.

Apesar do material ser bem completinho em termos de números e tabelas, as informações não são claras e até mesmo contraditórias, ao ponto da empresa afirmar que está preocupada com o meio ambiente e ao mesmo tempo resolve construir uma térmica no Ceará com carvão mineral importado. Ora Pois..... Isto não bate muito com um posicionamento sustentável.

Outro ponto é que nos assustou é como uma empresa que se diz com o GRI A+ (que passou por uma auditoria) apresenta um dado de investimento como este:

Não sei se em Portugal a matemática é diferente, mas no Brasil 29,2 milhões é bem maior que 28,8 milhões. Se isto realmente está errado, acredito que esta auditoria que verificou este relatório deveria devolver o dinheiro, pois os contadores não sabem fazer conta ou a empresa tentou induzir o leitor ao erro... Pois bem acho que é eles que tem que responder e não a gente.

Outros pontos também merecem ser explicados, como a não empregabilidade de membros da comunidade nas obras de empresa no nordeste, a não divulgação de pesquisas de clima organizacional dos empregados, a queda nos investimentos sociais e o aumento da taxa de gravidade dos acidentes de trabalho ocorridos na empresa.

Pois bem.... a empresa apresenta muitos dados mas com uma certa opacidade, esperávamos mais transparência. Ficamos no aguardo das respostas. Vamos ver.

Segue abaixo os nossos questionamentos.

Boa Leitura 


Prezados Profissionais da EDP.

Sou Roberto Leite, editor do blog "testando os limites da Sustentabilidade" e esta semana nossa equipe acabou de ler o relatório da empresa de vocês.

Após leitura cuidadosa do material, tivemos algumas dúvidas e gostaríamos que fossem sanadas.

Assim, segue abaixo nossos questionamentos e caso seja possível uma resposta, gostaríamos de obter uma data para o recebimento das mesmas, mas caso não seja possível, gostaríamos de receber oficialmente uma negativa.

Atenciosamente,

Roberto Leite




1- Por que os investimento sociais internos da empresa cairam de 156,7 milhões em 2009 para 133,7 milhões em 2010 ?



2- Por que as emissões de gases de efeito estufa subiram 111,9% de 2009 para 2010 ?



3- Vocês poderiam explicar como 29,2 milhões de reais em 2009 é menor que 28,8 milhões em 2010 no caso de investimento ambiental conforme revela o gráfico da página 21 ? Isto foi feito para induzir o leitor ao erro ?



4- Vocês acreditam que canal de sustentabilidade desenvolvido por vocês está sendo efetivo ? Qual a razão de uma plataforma deste porte receber apenas 101 contatos em um ano ?



5- De que forma vocês garantem e comprovam o engajamento dos stakeholders da empresa aos valores da EDP. Vocês poderiam apresentar dados mais concretos que garantam esta afirmação ? O relatório não ficou claro nesta questão ?



6- Por que os treinamentos sobre ética atenderam somente 30% dos empregados ?



7- Vocês poderiam detalhar melhor como funciona este comitê de sustentabilidade e governaça corporativa da empresa ? Qual poder ele possui, quem participa, quais as atribuições ?



8- Vocês poderiam detalhar melhor como a EDP pratica o princípio da precaução em seu processo de gestão não só ambiental como social ?



9- Como vocês avaliam de maneira clara e direta a reputação da empresa frente aos públicos de interesse ?



10- Como fica o posicionamento de vocês no caso de Belo Monte, sendo futuros clientes de 5% da produção de empresa ? Como clientes vocês possuem cobram alguma exigência social e ambiental por parte das construtoras ?



11- Vocês falam muito de questões ambientais e respeito ao meio ambiente, no entanto, estão para investir juntamente com a MPX energia na construção de uma termelétrica a Carvão no Ceará. Esta estratégia de negócio não é um posicionamento incoerente frente ao discurso instituciona da empresa ? Qual a razão de se produzir energia elétrica com carvão ?



12 - Vocês justificam que não empregaram pessoas do Ceará na construção de termelétrica devido a baixa qualificação e que capacitaram somente 75 pessoas. ISto não denota uma falta de planejamento na construção deste empreendimento, visto que problema de qualificação é uma realidade e a empresa deveria ter pensado nisto antes da construção ?



13- Vocês falam de pesquisa de satisfação de clientes, mas não apresentam dados de satisfação dos clientes de baixa tensão (consumidor comum). Como isto é medido visto que vocês afirmam na página 82 que vocês buscam se colocar no lugar do cliente.



14- Por que o número de reclamações de clientes na justiça subiu tanto de 2009 para 2010 ? Isto não revela um problema sério de relacionamento com os clientes ?



15- A empresa pretende desenvolver algum programa específico para o gerenciamento de pessoas em fim de carreira visto que vocês citam que não possuem este tipo de atividade ?



16- Qual a razão da taxa de frequência de acidentes de trabalho e a taxa de gravidade subirem tanto de 2009 para 2010, ao ponto da taxa de gravidade subir de 3,997 para 227 entre terceirizados de um ano para outro ?



17- Por que os programas de qualidade de vida possuem um índice de participação médio de apenas 4,8% dos empregados ?



18- Por que vocês não divulgam os resultados da pesquisa de clima organizacional ?



19- No caso de fornecedores, vocês afirmam que priorizam fornecedores locais. Mas o que é "LOCAL" para a EDP ?



20- Por que os investimentos sociais externos apresentaram uma queda de 52,9% de 2009 para 2010. De 8,5 milhões para 4 milhões ? Vocês justificam como menor volume de incentivos fiscais e revisão da política de investimentos. VOcês poderiam ser mais claros ? Como incentivo fiscal é visto como investimento por parte da empresa, e qual foi esta alteração de critérios na política de investimento da empresa ?



21- Na questão do relacionamento com as comunidades e os impactos sociais, como fica o posicionamento da empresa frente uma possível demarcação  de terras indigenas na região de Pecem ?



22- Vocês poderiam detalhar melhor como são realizados os monitoramentos de ruídos nas subestações perto das comunidades ?



23- Por que vocês não apresentaram no relatório um plano de prevenção e preparação para emergência e desastres, visto que vocês possuem riscos  24- associados as atividades ?



24- Por que dos gastos com os empregados vocês destinam zero a cultura ?  


25- O carvão a ser utilizado na térmica de Pecem é mesmo importado ? Se sim de qual país é a procedência ? Como vocês garantem que o carvão extraído e vendido para vocês procede de um ambiente que preserva a vida dos trabalhadores ?



26 - SO1 - 
Considerando que o RAS apresenta o tema Impactos socioambientais de usinas hidrelétricas e outras fontes de energia, como sendo de alta relevância pelo teste de materialidade, não encontramos informações suficientes para o indicador SO1, conforme segue:

Programas (métodos) em vigor para avaliar impactos de operações em comunidades locais. Como e por quem os dados são coletados para a aplicação dos métodos. Como são selecionados membros das comunidades de quem são coletadas as informações sobre os impactos.
Principais impactos sociais causados pelas atividades da empresa.
Número e % de operações para as quais são aplicados os métodos de avaliação de impactos.
Relato sobre os resultados dos programas (medidas) aplicados em relação aos impactos negativos (as medidas tomadas são eficazes?)


A respeito das obras realizadas no Ceará o RAS traz apenas a informação de que a empresa engajou comunidades do entorno para discutir os impactos das obras. Por que estes impactos e as questões descritas acima referentes ao indicador SO1 não foram respondidas?
Sabemos que cada tipo de empreendimento gerador de energia tem impactos sócio-ambientais distintos (hidrelétrica, eólica, térmica etc). O RAS não traz informações sobre os diferentes impactos sócio-ambientais destes empreendimentos.


27- EN30 - 
Sendo a gestão ambiental também um tema de alta relevância, conforme demonstra o teste de materialidade, não encontramos as informações sobre o total de investimentos em proteção ambiental por tipo, conforme determina o protocolo específico da GRI. Os custos de prevenção e gestão ambiental não foram apresentados na tabela da página 114. O que devemos entender por Outras iniciativas de gestão e proteção do ambiente, que consumiu 4.2 milhões de reais em 2010?

Como pode não haver quaisquer despesas com gestão de águas residuais desde 2008? (vide tabela pag 114)


28 - EN11 - 
Não encontramos informações sobre as áreas possuídas, arrendadas ou administradas dentro de áreas protegidas ou adjacentes a elas para o segmento de geração. Na página 116 são apresentadas apenas informações sobre as áreas da distribuição. Por que as áreas alagadas não são apresentadas, considerando serem estas áreas de alto índice de biodiversidade?

Não encontramos informações sobre o valor da biodiversidade caracterizado por atributos da área protegida e classificação pelo estado de conservação. Normalmente as empresa nacionais estão publicando as áreas de APP´s e Reservas legais, como parte dos atributos. A EDP não apresenta estes dados.


29 - EN12 - Por que a alteração do ambiente aquático não é apresentada como um impacto negativo da formação dos lagos para geração de energia?
Como é a ocorrência de espécies exóticas de ictiofauna nos reservatórios da EDP? O que a empresa está fazendo para evitar a proliferação destas espécies exóticas em detrimento das nativas?
Por que a empresa não apresentou qualquer resultado sobre o estudo de ictiofauna no Enerpeixe realizado pela UFT?


30 - EN14 - A estratégia da empresa para realizar sua política de gestão de biodiversidade é apresentada de forma tímida, apenas com poucos exemplos isolados de ações de monitoramento realizadas. Este indicador requer a apresentação de metas e objetivos específicos para gestão de impactos na biodiversidade, não encontrados no relatório da EDP.


31- HR6 - Considerando a questão do trabalho infantil como de alta relevância pelo teste de materialidade, notamos que a EDP dedica apenas uma frase a esta questão declarando não ter identificado qualquer operação com risco de ocorrência de trabalho infantil.
A empresa poderia explicar como realiza uma identificação consistente relacionada ao risco de ocorrência de trabalho infantil em sua cadeia produtiva, considerando a extensão geográfica de suas atividades e a terceirização de algumas destas atividades? Lemos que apenas 4 empresas contratadas foram de fato avaliadas quanto ao atendimento de requisitos de direitos humanos. 
O indicador HR6 solicita a apresentação das operações de maior risco de ocorrência de trabalho infantil, o que foi apontado como uma preocupação por parte dos stakeholders. Por favor esclarecer.




32 - PROCESSO DE VERIFICAÇÃO
Por que a EDP, na busca de transparência e credibilidade para com a sociedade, usou um processo de verificação limitada, onde normalmente não há visitas às operações da empresa para verificação in loco da gestão praticada?

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Sabesp. Esta empresa realmente te trata com respeito.



Olá Amigos,

Em um dos prazos mais rápidos da história do nosso blog a Sabesp respondeu aos nossos questionamentos.

Agradecemos muito o interesse desta empresa em nos atender e principalmente por entenderem a nossa proposta e o papel da equipe na Blogosfera.

De uma maneira geral a empresa respondeu aos nossos questionamentos de maneira objetiva e deixou realmente claro os problemas de gestão levantados na leitura do relatório.

Notamos o quanto algumas ações relativas a uma gestão mais sustentável não ficou clara, como a questão de o que acontece com as pessoas que são retiradas das faixas ribeirinhas. Achamos estranho pois o dado consta no relatório, mas na hora que perguntamos detalhes, a Sabesp jogou a responsabilidade para as prefeituras. Se isto é realmente responsabilidade das prefeituras, isto não ficou claro no relatório.

Sobre a questão da previdência privada a empresa em nenhum momento admitiu no texto problemas com empregados, mas realmente isto aconteceu e isto deveria ter ficado mais claro no discurso, como revela a reportagem abaixo:


Sobre a questão 10 relativo a dispensa de licitação, notamos que a pessoa que respondeu ficou um pouco ofendida com a gente. Realmente pedimos desculpas e em nenhum momento duvidamos da lisura do processo licitatório da empresa, mas o texto não estava claro.

Já com os empregados, o relacionamento também deve ser melhorado, pois a empresa possui ambição de ser uma das melhores empresas para se trabalhar, mas não apresenta ainda uma pesquisa de clima organizacional estruturado e o índice de acidentes é muito alto, comparado com a indústria de petróleo e mineração e isto não pode acontecer em uma empresa de saneamento, isto revela uma falta de gestão mais efetiva na questão de segurança do trabalhador.

Já sobre as ações sociais a empresa não apresenta uma metodologia para medir o resultado de suas ações e apresenta ao mesmo tempo um posicionamento incongruente, pois ao justificar uma queda significativa nos investimentos sociais eles afirmaram que primam pela qualidade e não pela quantidade. Concordamos com esta afirmação, mas o que é qualidade se a empresa não possui mecanismos para medir a efetividade das ações.

Outro ponto que induz o leitor ao erro é afirmar que os investimentos sociais são também impostos recolhidos, o que não procede, pois se isto fosse verdade eu como brasileiro invisto muito no social devido a carga tributária do meu país. Obrigação legal e tributos não é investimento e isto é claro.

Já na questão ambiental e empresa está de parabéns, pois os resultados são impressionantes para a realidade brasileira, mas como cidadão paulista eu espero muito mais da Sabesp, principalmente aceitar o desafio do seu relatório passar por uma verificação externa. Isto com certeza garante legitimidade ao trabalho.

Agradecemos novamente a Sabesp pela atenção e segue abaixo as respostas da empresa.

Boa Leitura.



1- No programa Corrêgo Limpo vocês afirmam que removem as pessoas com imoveis situados nas faixas ribeirinhas e os reassenta. Vocês poderiam explicar melhor como isto é feito ? Quantas famílias já foram reassentadas ?
 


O programa Córrego Limpo é uma parceria da Sabesp com a Prefeitura de S. Paulo que já resultou na despoluição de 96 córregos na 1ª e 2ª fases. Atualmente está na 3ª fase, que envolve mais 52 córregos. A Sabesp fica a cargo de proceder ao assentamento de coletores-tronco para receber o esgoto, pesquisar e eliminar ligações clandestinas de esgoto, eventuais efluentes de pequenas indústrias e de empresas como tinturarias, oficinas etc. A prefeitura realiza a remoção de entulho e lixo da calha e das margens e sempre que possível são implantados parques lineares ou projetos de arborização. Como infelizmente muitas ocupações irregulares ocorrem justamente no traçado dos coletores pelos fundos de vale, a Prefeitura, tem entre suas atribuições, promover a remoção sempre que necessário. Isto é executado pela Secretaria Municipal de Habitação e compreende ações como engajamento por assistentes sociais, pagamento de aluguel social, indenização por cada barraco retirado, dependendo do caso. O número de famílias removidas desde 2008 foi  de 2536. Caso tenham interesse em mais detalhes, solicitamos se dirigir à Secretaria Municipal de Habitação, que realiza tais atividades. 
Registramos que a Sabesp promoveu várias ecomobilizações, eventos em parceria com a Fund. SOS Mata Atlântica, para envolver a comunidade de entorno de córregos despoluídos, para que lixo não seja jogado nas ruas e no próprio córrego. Além de mutirões de coleta de lixo, também se plantam mudas nas margens. 


2- Vocês falaram que os resultados financeiros da empresas foram obtidos por muitos aspectos e dentre eles a redução com despesas de pessoal. Como isto é feito com o aumento de funcionários. Os funcionários estão com os salários arrochados ? 



A Sabesp vem procedendo a aumentos salariais acima da inflação. No último Acordo Coletivo em maio/2011 o aumento foi de 8%, contra uma inflação de 6,39% (IPC/FIPE). A política da empresa é de valorizar seu corpo de funcionários, altamente capacitado e motivado. Além do salário, há vários benefícios diretos e indiretos, que cobrem familiares e estão descritos no relatório. 
A redução com despesas de pessoal resultou da saída de aposentados de forma escalonada, a partir de abril de 2009, por força de termo de ajuste de conduta, assinado com o Ministério Público Estadual, uma vez que não podemos manter em nossos quadros funcionários já aposentados. 


3- Parabéns pelos resultados em tratamento de esgoto, universalização da água e dos projetos no litoral. 



Agradecemos e tomamos como mais um incentivo frente ao enorme desafio representado por nossa meta de universalização de serviços até 2018/2020. Para tanto o nível histórico de investimentos foi dobrado e atinge cerca de R$ 2 bilhões/ano. 


4- Houve algum problema com os empregados na mudança do modelo da previdência privada da empresa ? 



O plano de previdência privada modelado como Benefício Definido passou a registrar déficit atuarial resultante, principalmente, do aumento da expectativa de vida de seus participantes, o que pode ser verificado analisando a evolução da expectativa de vida do brasileiro nas tabelas anuais publicadas pelo IBGE.  A Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC), órgão fiscalizador do sistema, exige o equacionamento deste déficit como forma de sustentação financeira do plano a longo prazo, sendo necessário o pagamento de contribuições extraordinárias para efetivar o equacionamento. Uma alternativa dada pela Sabesp foi a criação de um novo plano previdenciário modelado como Contribuição Definida, lançado em julho de 2010, sendo possível a migração de participantes do plano BD para este plano CD sem o pagamento de contribuições para a cobertura do déficit atuarial. Durante o período aberto às migrações, as entidades representativas dos empregados entraram com ação judicial para, entre outras,  impedir a migração de participantes entre planos. Com a obtenção de liminar, as migrações foram impedidas até o julgamento da ação. O novo plano está disponível para os novos funcionários contratados. 


5- Vocês afirmam que 25% do lucro líquido são repassados aos acionistas. Quantos % são repassados aos empregados ? 



Como empresa pública não distribuímos lucros na forma de PLR, mas sim concedemos participação nos resultados, objeto da negociação coletiva com os sindicatos de categorias representativos do corpo de funcionários. Conforme Decreto Estadual nº 56877/2011, que dispõe sobre PPR para empresas controladas pelo Governo, o limite de valores distribuídos é de até uma folha base de pagamento vinculado a metas previamente aprovadas por órgãos governamentais. 


6- Como são recolhidos os esgotos não domésticos das industrias pelo programa END ? Qual a logística para isto ? 



Os esgotos não domésticos podem ser recebidos por lançamento direto na rede ou através de caminhões-tanque ou caminhões limpa-fossa (no caso de caixas de gordura e fossas)  em postos de recebimento em algumas estações de tratamento de esgotos. A tratativa técnico-comercial envolve caracterização do resíduo, avaliação de distâncias e atendimento ao art. 19A do Dec. Est. 8468/76. No sítio www.sabesp.com.br/solucoesmabientais vocês encontram mais informações. A vantagem para as empresas está na redução de custos e redução da exposição legal. Para o meio ambiente como um todo o programa END propicia ganhos de escala, reduzindo o fluxo de veículos com produtos químicos e resíduos provenientes de pequenas estações de tratamento e ainda diminui o número de fontes a fiscalizar, 


7- Pelo acordo coletivo da empresa, vocês podem demitir 2% do efetivo. Qual o critério para demitir essas pessoas ? 



A Sabesp é uma empresa que tem pouca rotatividade e demite muito poucos funcionários, mesmo diante de crises como a que afetou o mundo inteiro em 2008. Os critérios são os usuais em qualquer empresa com funcionários enquadrados na CLT. O parâmetro desempenho é obviamente central, uma vez que para atender aos grandes desafios a empresa necessita de um corpo de funcionários motivado e capacitado. 


8- Dentre as várias diretorias citadas, qual efetivamente é responsável pela gestão dos processos de sustentabilidade da empresa ? 



Procuramos tratar a sustentabilidade de forma integrada, envolvendo todas as diretorias. Entretanto considerando as três dimensões temos naturalmente, maior envolvimento da econômico-financeira na Diretoria Econômico-Financeira e de Relações com Investidores, na dimensão social da Diretoria Corporativa (que abriga o depto de resposnabilidade socioambiental) e na dimensão ambiental na Diretoria de Tecnologia, Empreendimentos e Meio Ambiente, onde está a superintendência de gestão ambiental. 


9- Vocês citam que 49% das denúncias encaminhadas a Sabesp, ainda estão em averiguação. Qual o prazo para isto ser concluído ? 



O prazo varia de acordo com a complexidade exigida pelas investigações. O prazo médio de conclusão é de 30 dias, mas o procedimento interno faculta até 60 dias. 


10- Por que os fornecedores locais participam somente de processos que ocorrem por dispensa de licitação ? Essas empresas não são convidadas a participar das licitações ? 



A informação não procede. Em nosso sítio de licitações eletrônicas ( http://www.sabesp.com.br/licitacoes) dentre outros serviços, temos o Cadastro de Fornecedor  onde as empresas, ao se cadastrarem, ou mesmo posteriormente, escolhem o segmento de mercado de interesse e passam a receber e-mails com os avisos de licitação e dispensa de licitação por valor, sempre que são publicados. Qualquer empresa pode participar de licitações da Sabesp, desde que cumpra os requisitos legais para tanto. 
As dispensas de licitação por valor são aquelas onde as exigências legais são reduzidas, e até mesmo pela questão de transporte e deslocamento são as preferidas das empresas locais, em geral empresas de menor porte. 


11- Vocês citam uma série de trabalhos realizados para o bem estar dos empregados, até mesmo pesquisa para saber quanto são obesos, no entanto, não apresentaram nenhum resultado de pesquisas de clima organizacional. Por quê ? Como a empresa quer ser o melhor lugar para se trabalhar se ainda não apresenta este dado ? 



Foi criado um comitê para trabalhar esta questão visando à conquista do status de uma das melhores empresas para se trabalhar. Um dos pontos diagnosticados é justamente a necessidade de proceder a pesquisas de clima organizacional corporativa e periódica. Já são realizadas pesquisas locais, principalmente na região metropolitana de S. Paulo, cujos resultados direcionam ações específicas nas unidades. Pretendemos realizá-la ao longo de 2012 e 2013, com resultados resumidos publicados no relatório de sustentabilidade. 


12- Por que os indices de acidentes e taxa de gravidade são tão altos na Sabesp ? Por que a gestão de segurança no trabalho é tão falha na empresa ? 



As atividades da Sabesp envolvem risco elevado, incluindo escavação em valas, espaços confinados dentre outras. A redução do nº de acidentes é um objetivo permanente rumo a excelência do zero acidente. Ocorreu uma diminuição significativa de 33% do número de acidentes do trabalho no ano de 2009, obtida em virtude do estabelecimento de metas de redução de acidentes do trabalho, associado aos treinamentos, programas e campanhas da área de segurança, tais como: Campanha Segurança Nota 10, Minuto da Prevenção, Semana Interna de Prevenção de Acidente do Trabalho – SIPAT, Análise preliminar de Riscos – APR, Certificações OHSAS 18001/2007 (Sistema de Gestão de Segurança e Saúde do Trabalho), entre outros. 


13- Por que os trabalhos com as comunidades são desenvolvidos apenas por campanhas sem uma medição clara da efetividade do projeto ? Por que não existe uma metodologia para medir a eficácia dessas ações e dos investimentos ? 



No relatório, a partir da página 68, constam vários indicadores para as atividades desenvolvidas como o nº de palestras realizadas, encontros etc. É difícil mensurar resultados no caso de atividades que envolvam mudança de comportamento via educação ambiental e sanitária. Não obstante procura-se monitorar os efeitos sobre parâmetros correlacionados que possam ser medidos de forma objetiva. Isto pode ser aplicado de modo permanente ou apenas em experiências piloto que tragam dados relevantes para planejamento. Um exemplo foi a implantação do PROL - programa de fomento à coleta de óleo de fritura em um polígono no bairro de Cerqueira Cesar na capital, em que se mediu a redução anual das desobstruções de coletores-tronco por três anos consecutivos. Por outro lado, incluímos nas pesquisas de opinião junto aos clientes, realizadas em 2008, 2009 e 2010, perguntas sobre a visão da Sabesp como uma empresa ambiental e socialmente responsável. Os dados constam no painel de indicadores e mostram resultados favoráveis crescentes chegando em 2010 a 83%. 


14- Por que houve uma queda significativa de 2009 para 2010 dos investimentos monetários sociais externos e internos ? Como apesar disto a percepção da sociedade frente as políticas de responsabilidade social da empresa aumentou ? Houve um aumento no gasto publicitário para isto ? Qual a diferença deste investimento em percentual de 09 para 10 ? 



Entendemos que mais importante que o volume de recursos está a qualidade de sua aplicação e, sobretudo o foco em atividades correlatas à atividade fim. Por isto nos anos recentes temos direcionado tais recursos para projetos envolvendo temas dos recursos hídricos e meio ambiente, de modo a ganhar sinergia com outras atividades da empresa. Registramos que não atribuímos relação com maior gasto publicitário, pois o ano de 2010 foi um ano eleitoral e a legislação vigente (lei federal 12.232) requer redução substancial do gasto em relação à média dos três anos anteriores.

15- Por que vocês consideram pagamento de impostos um "investimento social" ao ponto de ser citado como indicador social externo ? 


A Sabesp segue desde o 1º relatório de sustentabilidade o modelo de Balanço Social preconizado pelo IBASE, em que os impostos são computados desta forma. A opção por seguir um modelo de ampla aceitação preparado por uma instituição de renome permite realizar comparações e benchmarking com outras empresas. Por outro lado os impostos são uma importante forma pela qual as empresas contribuem com a sociedade, pois ficam disponíveis para os governos custear programas e atividades de interesse da população e realizar investimentos em infraestrutura que promove o progresso do país. 


16- No projeto Ecomobilização vocês afirmam que o projeto sempre alcança o sucesso. Como isto é medido e avaliado para tal afirmação ? 


Não é isto que consta no texto, mas sim "com o sucesso alcançado, a cada edição se agregaram novas atividades ...". Ou seja, constatamos que a cada edição foram aperfeiçoados os mecanismos de envolvimento da comunidade e que os eventos ganham em participantes, repercussão local, envolvimento da pessoa. Não há um número ou indicador mas a decisão de continuar realizando é uma medida que vem trazendo bons resultados. 


17- Qual é a média de público das chamadas audiências de sustentabilidade ? 


Temos recebido cerca de 60 a 100 pessoas por audiência. 


18- Quanto foi investido nos 9 projetos classificados como "patrocínios focados em sustentabilidade" ? 


Cerca de R$ 500 mil. A Sabesp também realiza apoios de eventos via verbas de publicidade e ao cinema nacional, esporte, cultura, usando instrumentos fiscais como lei Rouanet, Lei do Concine etc. Muitas vezes estes patrocínios incidem sobre projetos com conteúdo associado à sustentabilidade. 


19- Por que o relatório da Sabesp não passa por verificação externa ? 


Estamos ainda estudando tal opção. Registramos que como empresa de economia mista, com ações nas Bolsas de Nova Iorque e São Paulo, operando em ambiente regulado, com certificações nas normas ISO 9000, ISO 14001 e OHSAS 18001 estamos sujeitos a um amplo escrutínio de nossos dados. Em particular estamos submentidos ao acompanhamento pelo Tribunal de Contas Estadual, Codec, Arsesp (Agência Reguladora de Energia e Saneamento de S. Paulo), Conselho Estadual de Saneamento, SEC-NYSE, CVM, atendimento aos padrões de contabilidade SOX (Lei Sarbanes-Oxley),  auditorias de certificadoras de sistemas de gestão. Outros órgãos como Cetesb, DAEE, Ibama, Ministério Público Estadual, CBHs, ANA etc. também monitoram nossas aitivades. Temos ainda um comitê de auditoria e uma superintendência de auditoria interna.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Camargo Corrêa. A empresa deve realmente inovar seu processo de gestão sustentável.



Olá Amigos,

Depois de um longo processo de negociação e ajuste de prazos, a empresa Camargo Corrêa nos encaminhou uma resposta.

Agradecemos e muito o atendimento da equipe de comunicação da empreiteira, mas principalmente pela pessoa da Sra Carla Duprat pela atenção dispensada.

Já sobre as respostas, ficamos um tanto quanto decepcionados, pois o que nos foi encaminhado, em muito já estava no relatório, ou seja..... se lemos o relatório, as informações já apresentadas não atendiam as nossas necessidades. 

Nosso objetivo é ir até o limite e acreditamos que chegamos no caso da Camargo Corrêa.

A empresa diz que é referência em gestão, mas no caso de uma gestão sustentável a  Camargo Corrêa deixa e muito a desejar.

Algumas informações apresentadas podem comprovar isto, como no caso do relacionamento da empresa com as comunidades atingidas pelas obras.

Sabemos o quanto uma empreiteira impacta em comunidades nos rincões deste país e as atividades relatadas pela empresa ficaram só no discurso. 

Não ficou claro como essas ações são planejadas, desenvolvidas, checadas e avaliadas (para os gestores o famoso PDCA) . Se a empresa se diz referência em gestão este processo deveria estar claro no discurso da empresa.

Na questão de recursos humanos, a empresa apresentou um grande avanço na questão de clima organizacional, mas ainda está muito baixo. Ponto de risco para um setor em pleno aquecimento no Brasil como é o caso da engenharia.

Já a definição de sustentabilidade da empresa se baseia no conceito da inovação. Concordamos com a empresa nesta questão, no entanto, a inovação deve estar ligada a um processo administrativo, pois caso contrário a coisa fica só no inova sem ação. Algo que também não ficou claro no discurso da empresa.

Nas questão de indicadores ambientais, a empresa não revelou um processo de gestão condizente com a busca de um processo mais sustentável, pois consumo de água aumentou de 14 para 21 milhões sem nenhuma justificativa para isto,  a empresa não apresentou uma gestão eficiente dos recursos hídricos.

Na questão de consumo de energia elétrica o fato se repetiu, a empresa apresentou um aumento constante desde 2008 sem nenhuma justificativa de um processo de economia também.

Sobre a relação com fornecedores, não ficou claro o trabalho da empresa nesta questão, muito se disse em priorizar o relacionamento com fornecedores locais, mas a empresa não apresentou dados, muito menos resultados frente a esta questão.

Sobre o relacionamento comunitário, a Camargo Corrêa saiu pela tangente, pois a resposta em nenhum momento responde ao problema relatado e contradiz totalmente com o discurso da empresa. 

O caso apresentado mostra na prática que possívelmente o discurso comunitário afirmado pela Sra Renata Camargo Nascimento que disse :  “Acredito que uma empresa não pode ser bem-sucedida se o seu entorno não for bem-sucedido” não é real conforme relata a reportagem que a empresa se negou a explicar.

Já na questão de segurança no trabalho a empresa realmente se empenhou nesta questão, mas um dado tão relevante deste deveria ficar mais claro no relatório.

Com relação as doações de campanha, nossa pergunta foi realmente provocativa, pois sabiamos que a empresa nunca iria dispor de maneira clara e transparente esses dados. É de conhecimento de todos como empresas deste segmento financiam todos os partidos sem nenhum critério ideológico ou partidário.

Transparência nesta questão é fundamental, pois caso contrário o discurso pode cair como um castelo de areia.

Assim, segue abaixo na íntegra as respostas encaminhadas pela empresa.

Boa Leitura.

Introdução 

O Relatório Anual do Grupo Camargo Corrêa tem por objetivo fornecer a seus leitores, por meio de metodologia reconhecida internacionalmente, informações relevantes que permitam aos diversos interessados conhecer extratos da filosofia empresarial e as principais práticas de gestão das empresas que constituem a organização, assim como do desempenho econômico, social e ambiental no ano.  

Algumas das unidades de negócio que formam o Grupo Camargo Corrêa têm seus próprios relatórios anuais, como CCR, CPFL, Alpargatas e InterCement, onde são publicadas informações específicas e detalhadas de cada empresa e de seus respectivos mercados. 


1- Quais são os princípios de Sustentabilidade do grupo Camargo Correia ? Não encontramos no relatório. 

Os princípios de sustentabilidade do Grupo Camargo Corrêa são os seus cinco valores, explicitados no Relatório Anual – Respeito às pessoas e ao Meio Ambiente; Atuação Responsável; Transparência; Foco no Resultado e Qualidade e Inovação. Para conhecimento do blog TLS encaminhamos anexo as Políticas de Meio Ambiente e de Sustentabilidade, além da Carta da Sustentabilidade: o Desafio da Inovação  

2- Pesquisa de satisfação das comunidades do entorno das obras ? Quais são as diretrizes para garantir um bom relacionamento entre a empresa e a comunidade no entorno das operações da empresa ? 


As empresas do Grupo atuam em parceria com o Instituto Camargo Corrêa dentro de uma visão de que podem contribuir para estimular e formar comunidades preparadas e comprometidas com a superação de seus desafios. A missão do Instituto Camargo Corrêa é articular e fortalecer organizações que contribuam para a formação integral de crianças, adolescentes e jovens, visando ao desenvolvimento comunitário sustentável. 

O Instituto Camargo Corrêa atua nas comunidades onde há a presença das empresas do Grupo Camargo Corrêa. Inserido na estratégia de sustentabilidade do Grupo, suas ações são realizadas em sinergia com as unidades de negócios no Brasil e no exterior. O intuito é contribuir para a transformação social, fortalecendo vínculos entre empresa e comunidade. Além de valorizar instituições locais e a formação de parcerias, o Instituto investe na criação de redes de colaboração, sempre alinhando seus projetos de forma à complementar as políticas públicas municipais, estaduais e federais. O Instituto Camargo Corrêa acredita também na força do trabalho voluntário e cria oportunidades para que os profissionais do Grupo se envolvam em ações voluntárias. 


3- Vocês afirmam que o volume de trafego nas rodovias da CCR aumentaram significativamente, mas este aumento foi proporcional ao investimento feito nas melhoria das rodovias sob concessão de vocês ? 


O relatório anual do Grupo Camargo Corrêa traz extratos de informações sobre suas empresas controladas e nas quais detém participações acionárias relevantes. Em seu Relatório Anual, a CCR informa ter investido em 2010 R$ 951,2 milhões em melhorias e manutenção em suas rodovias sob concessão, o que representa cerca de 1/3 da receita líquida obtida no ano. Poucas empresas no Brasil e também no exterior mantêm taxa de reinvestimento tão elevada no negócio.  

4- Vocês afirmaram que as pessoas são a base de todo o sucesso empresarial, no entanto, vocês não apresentaram dados de pesquisa de clima organizacional, apenas informaram que houve um aumento de oito pontos percentuais, mas qual foi o parâmetro ? Aumentou oito porcento frente qual resultado ? 20%, 40% 60% Quanto ? 


O investimento no público interno é estratégico para o Grupo Camargo Corrêa, o que se reflete em programas de desenvolvimento profissional, de melhoria do clima organizacional, de mobilidade e recrutamento internos e de benefícios. A pesquisa de clima organizacional é realizada a cada dois anos (a última ocorreu em 2010). Nos indicadores da holding, foi registrada uma melhoria de oito pontos percentuais no índice geral de favorabilidade – para 62% - em relação à pesquisa anterior.  



5- O Plano de previdência complementar é para todos os empregados no regime CLT da empresa ? Se não, este programa atinge quantos % do efetivo ? 

O Plano de Previdência Complementar é oferecido a todos os empregados no regime CLT da empresa, independente do nível hierárquico, salarial ou do tempo de serviço na empresa.  Todos os empregados que aderem ao plano, fazem contribuições mensais com contrapartida da empresa em percentual que varia conforme o tempo de contribuição ao plano. 

6- Vocês poderiam explicar melhor como um executivo de primeiro escalão é tido como o "guardião da sustentabilidade". Como isto é feito ? 


Há uma estrutura de governança para a sustentabilidade. Esta governança, no âmbito do Grupo, atualmente conta com 17 diretores-guardiões indicados pelas diversas empresas. O diretor-guardião tem como principal papel impulsionar a agenda de sustentabilidade em sua respectiva empresa e participar do Fórum dos Diretores-guardiões, que se reúne até seis vezes ao ano. O objetivo do Fórum é fomentar a troca de experiências entre as empresas do Grupo e seus desafios em sustentabilidade, assim como ajudar a definir as prioridades da agenda corporativa em relação ao tema. 

7- Qual a definição de sustentabilidade para o grupo Camargo Correia ? 

O Grupo Camargo Corrêa entende sustentabilidade como o desafio da inovação. Se as empresas forem capazes de inovar em seus produtos e serviços, na relação com os fornecedores, clientes, comunidades; reduzir o impacto ambiental de suas atividades e aumentar os benefícios sociais, estarão realizando uma gestão sustentável dos negócios. 

8- Vocês poderiam explicar melhor o que é este Radar de Sustentabilidade e qual a metodologia de trabalho desta junção de indicadores ? 

Além de sua estrutura de governança, a sustentabilidade no Grupo conta com uma ferramenta de planejamento, o Radar da Sustentabilidade. Com base nos questionários do ISE, Dow Jones Sustainability Index, Indicadores Ethos e Guia Exame da Boa Cidadania, foi elaborado um questionário que tem 9 dimensões e 40 questões que orientam um processo de autoavaliação anual de cada empresa e seu plano em um horizonte de até cinco anos. A partir de lacunas identificadas, são definidos planos de ação. 


9- Qual o objetivo de vocês em fazer a revisão das políticas de RH à luz da sustentabilidade ? O que vocês pretendem com isto ? 


O Grupo Camargo Corrêa busca constantemente identificar se as prioridades e desafios intrínsecos ao recrutamento de pessoas, seleção de profissionais e desenvolvimento de pessoas estão alinhadas com os desafios de uma gestão voltada para a sustentabilidade. 


10- Quais são as chamadas "organizações parceiras" que investem no instituto Camargo Correia ? 


Uma das instituições parceiras é o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). No início de 2011, o Instituto estabeleceu convênio com o BNDES para a aplicação de R$ 50 milhões em cinco anos em projetos de incentivo ao empreendedorismo e geração de renda, sendo que R$ 25 milhões virão dos recursos do BNDES e R$ 25 milhões de recursos próprios do instituto, prioritariamente nas regiões Norte e Nordeste do País, nas localidades onde o Grupo está presente. Outros exemplos de parceiros do Instituto Camargo Corrêa são organizações como Sebrae, Senai, Instituto Meio, Childhood Brasil, Ashoka Brasil, Junior Achievement São Paulo e Associação Brasileira de Magistrados, Promotores de Justiça e Defensores Públicos da Infância e da Juventude (ABMP), entre outras.  

11- Para a Carmago Correia como o instituto contabiliza os beneficiários indiretos dos projetos ? Qual o critério ? 


A contabilização é feita levando-se em conta o número de pessoas que participam diretamente dos projetos. Quando os programas são da área de educação, consideramos como beneficiados indiretos seus familiares. 
Desde o ano 2000 o Instituto Camargo Corrêa articula e orienta a ação social das empresas do Grupo. Em 12 anos de atividades e com um investimento acumulado de aproximadamente R$ 70 milhões, o Instituto beneficiou mais de 80 mil pessoas, entre participantes diretos dos projetos, familiares e alunos das escolas atendidas. Tendo como norteador de suas ações o desenvolvimento comunitário, o Instituto Camargo Corrêa desenvolve quatro programas sociais: Infância Ideal, voltado à defesa de direitos da infância; Escola Ideal, que procura contribuir com a melhoria da educação pública; Futuro Ideal, com foco em geração de trabalho e renda e empreendedorismo; e Ideal Voluntário, de estimulo à ação voluntária dos profissionais do Grupo.  


12- Os recursos próprios investidos pela Camargo Correia (R$ 1.865.240,00) em Doações e Patrocínios são investidos em qual tipo de projeto ? Vocês poderiam dar algum exemplo ? Quantos % deste valor é simplesmente doação e quantos % são projetos estruturantes ? 


Todos os projetos apoiados pelo Instituto Camargo Corrêa possuem caráter estruturante, que não se confundem com a política de doações e patrocínios do Grupo Camargo Corrêa, que conta com uma estrutura de governança própria, sendo definida por um comitê.  Em 2010, por exemplo, além dos investimentos do Instituto Camargo Corrêa que somaram R$ 12,6 milhões, o Grupo destinou aproximadamente mais R$ 1,8 milhão de recursos próprios para diversas organizações e projetos como doações e patrocínios: a AlfaSol, entidade sem fins lucrativos que atua na alfabetização de adultos, o Hospital Imaculada Conceição, a Fundação Interamericana de Direitos Humanos e o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, entre outros.  

13- Vocês poderiam divulgar o consumo de água de 2009 para comparações com 2010 ? 


O relatório anual do Grupo disponibiliza os indicadores de consumo de água e de energia do ano que se refere. Para conhecer os indicadores passados, basta consultar os relatórios de cada ano, disponíveis no site corporativo www.camargocorrea.com.br. Em 2009, foi de 14,1 milhões de metros cúbicos, o mesmo volume de 2008.  


14- Sobre as fontes de energia, vocês poderiam apresentar os dados de 2008 e 2009 para comparação com 2010 ? 


No mesmo ano, o consumo de energia totalizou 34,6 milhões de GJ, ante 32,4 milhões em 2008. 


15- A parceria para projetos sociais no valor de R$ 50 milhões com o BNDES foi alguma contrapartida por parte da Camargo Correia para conseguir algum  financiamento público ? 


Não. A parceria com o BNDES para o Programa Futuro Ideal, conforme descrito, tem como objetivo a realização de projetos de geração de trabalho e renda, prioritariamente nas localidades das regiões Norte e Nordeste onde as empresas do Grupo Camargo Corrêa estão presentes com sua atividade econômica. 


16- Como vocês se relacionam com comunidades atingidadas pelas barragens que vocês constroem ? 


O relacionamento com as comunidades nas áreas de abrangência dos reservatórios de usinas hidrelétricas é definido no âmbito do licenciamento ambiental para cada empreendimento e é desenvolvido pelo concessionário da usina, ou seja, é de responsabilidade do investidor e não do construtor, caso da Camargo Corrêa. Não obstante, conforme informado nas respostas anteriores, a empresa atua em diversas frentes para suportar iniciativas que garantam desenvolvimento socioeconômico antes mesmo das obras terminarem. 


17- Vocês poderiam apresentar os dados de emissões atmosféricas das industria de cimento e siderurgica de vocês nos anos de 2008, 2009 e 2010 para comparação ? Não encontramos esses dados no relatório. 


Como informamos na introdução, o Relatório Anual do Grupo Camargo Corrêa compila extratos de informações relevantes das empresas que formam a organização. Os dados solicitados podem ser analisados em detalhe no relatório da InterCement, holding para os negócios do grupo na área de cimento. Em 2010, as emissões de carbono somaram 535 kg por tonelada de cimento, ante 530 em 2009 e 533 em 2008. Como termo de comparação, esses volumes estão posicionados entre os mais baixos verificados na indústria cimenteira em todo o mundo. O grupo não possui mais negócios na área siderúrgica. 


18- As ações de sustentabilidade da empresa são voluntárias ou somente ligada às condicionantes operacionais como vocês afirmam na página 39 do relatório ? 


As ações de sustentabilidade vão além das condicionantes operacionais e são reflexo de uma cultura que permeia todos os níveis da organização.  

19- Vocês possuem alguma pesquisa de avalição de relacionamento do grupo Camargo Correia com seus fornecedores ? 


O relacionamento com fornecedores não é avaliado por pesquisa, mas sim por uma série de metodologias que levam em conta não só aspectos de sustentabilidade, mas também produtividade e competividade que se expressam, por exemplo, na relevância em suas localidades. Fornecedores locais são sempre priorizados, pois minimizam custo de transporte, e dinamizam as regiões onde estamos presentes. 

20- Vocês afirmam que primam pelo relacionamento comunitário, mas o que aconteceu em Barro Alto que gerou o problema abaixo ? http://www.jornaldiariodonorte.com.br/site/cidades.php?cod=1469 

A respeito da atuação da construtora Camargo Corrêa no Projeto Barro Alto, a empresa esclarece que as obras de instalação de uma planta de processamento de níquel para a Anglo American no município tiveram início em 2007. Em 2011, a unidade foi oficialmente inaugurada. 

Durante o período de obras, a construtora Camargo Corrêa realizou aquisições de bens e serviços regularmente em Barro Alto, além de ter estabelecido convênios com hotéis para o alojamento de profissionais e mantido escritório na cidade, assim como em outros municípios. A instalação de uma planta de processamento de níquel em Barro Alto, além da movimentação econômica temporária durante a fase de construção, trará benefícios duradouros ao município, com impacto direto na arrecadação da Prefeitura local. 

Além disso, como prática regular da Camargo Corrêa em suas obras, diversas ações sociais foram realizadas em barro Alto, como a campanha de conscientização a respeito da preservação ambiental na Escola Municipal Laurentino Martins; campanha sobre consumo responsável de água na Escola Municipal Manoel Messias Correia; campanha de arrecadação de leite entre funcionários para a Creche Maria Joaquina; plantio de uma horta, construção de mesas de jogos para entretenimento e realização de oficinas de pintura no Lar dos Idosos por voluntários da empresa. 

21- Como é a gestão ambiental da Camargo COrreia frente aos protestos ambientais ocorridos em Moçambique frente ao projeto da barragem de Mphanda Nkuwa ? http://www.dw-world.de/dw/article/0,,6497420,00.html 


No âmbito do projeto de desenvolvimento da usina hidrelétrica de Mphanda Nkuwa, em Moçambique, foram realizadas todas do licenciamento ambiental previstas na legislação moçambicana, o que culminou, em dezembro de 2011 com a aprovação do Estudo de Impacto Socioambiental pelas autoridades ambientais do governo daquele país. O Estudo de Impacto Socioambiental realizado teve uma grande abrangência técnica, tendo sido efetuada avaliações dos impactos das mudanças climáticas na operação da usina. Suas conclusões foram pela viabilidade do projeto. A elaboração do estudo foi acompanhada por um amplo processo de participação pública envolvendo comunidades, autoridades do governo e entidades da sociedade civil. As conclusões foram apresentadas em audiências públicas nas quais as partes interessadas tiveram oportunidade de apresentar suas dúvidas e obter esclarecimentos. Todo o processo de participação pública foi devidamente registado e integrado no estudo submetido ao governo de Moçambique. A usina hidrelétrica de Mphanda Nkuwa será uma usina de fio de água localizada a cerca de 60 km a jusante da usina hidrelétrica de Cahora Bassa. O reservatório de Mphanda Nkuwa será de apenas 5% da área do atual reservatório de Cahora Bassa. Na área do futuro reservatório de Mphanda Nkuwa vivem cerca de 350 famílias que irão ser realocadas com base num plano de reassentamento, seguindo as boas práticas internacionais. A população reassentada e a população do entorno irão ser beneficiadas de programas socioambientais visando o seu desenvolvimento sustentável. 


22- É verdade que o Navio feito por vocês no Estaleiro Atlantico Sul está com problema e ainda não pode ser usado e terá que ser reformado no exterior ? 

http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line/economia/furo-no-casco-um-problema-que-tira-o-sono-da-petrobras/ 


Para responder a um dos questionamentos deste blog sobre o navio petroleiro João Cândido, basta recorrer à própria imprensa, dado que o Estaleiro Atlântico Sul já esclareceu em diferentes oportunidades que a embarcação não apresenta qualquer problema de ordem estrutural, de projeto, de engenharia ou operacional, conforme atesta a certificadora internacional American Bureau of Shipping (ABS), uma das principais classificadoras da construção naval no mundo. Todas as etapas já concluídas no João Candido se encontram aprovadas pela classificadora. O navio está em fase final de acabamento, vistorias de construção e comissionamento, para ser entregue ao cliente. Jamais foi discutida a necessidade de transferência da embarcação para outro estaleiro no Brasil ou no exterior. 


23- Vocês afirmam que os estaleiros possuem "uma série de projetos sociais e ambientais em seu entorno" (pag 60). Vocês poderiam citar algum projeto ? 


Na área da educação, por exemplo, o Instituto desenvolve em parceria com o Estaleiro Atlântico Sul e com a Secretaria de Educação de Ipojuca, em Suape (PE), o programa Escola Ideal, que visa contribuir para a melhoria da qualidade da educação nas 80 escolas públicas municipais de Ensino Fundamental da cidade. São beneficiados diretamente aproximadamente 22 mil alunos. Além disso, profissionais do estaleiro e representantes da comunidade se mobilizam para melhorar as instalações físicas das escolas de Ipojuca. Outro projeto dentro do programa foi responsável pela doação de bibliotecas móveis e de um amplo acervo de livros para as escolas municipais, além de promover a formação de mediadores e multiplicadores de leitura. 



24- Vocês não apresentaram no relatório as taxas de frequancia de acidentes com e sem afastamento dos trabalhadores do grupo Camargo Correia. Vocês poderiam  apresentar esses resultados nos últimos 3 anos para comparação ? Para uma empresa de construção este dado é importante 


Em relação ao interesse deste blog em acidentes de trabalho no âmbito das atividades de construção, conforme solicitado, informamos que a taxa de frequência de acidentes de trabalho na construtora Camargo Corrêa (com e sem afastamento) foi de 11,11 em 2011, ante 14,76 em 2010 e 21,81 em 2009. 

25- Só os empregados da cimenteira da argentina fazem treinamento sobre direitos humanos ? Os gestores e supervisores da empresa que estão em Jirau fizeram  este treinamento ? Isto não ficou claro no relatório. http://www.cartacapital.com.br/politica/rebeliao-na-usina-de-jirau-trabalhadores-reagem-aos-abusos/ 

Gestores e supervisores da Construtora Camargo Corrêa que trabalham na Usina Hidrelétrica Jirau, assim como em outras obras, passam por diversos treinamentos. Sobre os tumultos ocorridos no canteiro da Usina Hidrelétrica Jirau em março do ano passado, um inquérito das autoridades policiais do Estado de Rondônia concluiu que foi provocado por um pequeno grupo de criminosos infiltrados entre os profissionais da obra. Como a empresa esclareceu à época em diversas oportunidades, não havia uma pauta de reinvindicações por parte do sindicato dos trabalhadores.  


26- Visto que vocês seguem o modelo GRI, vocês poderiam disponibilizar as informações do item S06 que solicita: "Valor total de contribuições financeiras e em espécie para partidos políticos, políticos ou instituições relacionadas, discriminadas por país" 

Por fim, para atender ao último questionamento feito por este blog, lembramos que nosso relatório não responde a todos os indicadores GRI. Do total de 79 indicadores de desempenho da versão G3, nosso relatório de 2010 reportou informações parciais ou integrais relativas a 35 deles. 
Ao mesmo tempo informamos que as doações a partidos políticos e candidatos em período eleitoral realizadas pelas empresas do grupo Camargo Corrêa são realizadas em acordo com a legislação vigente, sendo registradas em sua totalidade no Tribunal Superior Eleitoral.