quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Alcoa. Presidente direto em seu discurso. Ponto para a empresa.




Olá Amigos,

Nesta semana nossa equipe leu um relatório de mais uma empresa que nos convidou para uma leitura e para testar os limites. A Alcoa.

Mineradora de bauxita e produtora de alumínio a Alcoa apresentou este ano um relatório diferente do ano anterior, para falar a verdade bem diferente.

Com poucas páginas e escrito de uma maneira direta e objetiva, com uma diagramação prática e sem fotos de empregados sorridentes e crianças bem nutridas, o documento ganhou um ponto positivo na carta do presidente.

De uma maneira direta e simples, o Sr Franklin Feder expõe o cenário da empresa, citando o seu prejuízo nos últimos anos, sua evolução e os resultados deste ano.

Diferente de outras empresas em que o presidente fala para os acionistas e não para o público em geral, este presidente prende a sua leitura ao começar citando as questões sociais e ambientais da organização para posteriormente entrar na parte econômica em si.

O documento é muito prático e direto, a primeira vista parece ser um ótimo material, mas nas entrelinhas deixa muito a desejar no quesito de equilíbrio das informações, não adentrando em temas polêmicos, como impactos nas comunidades onde opera, assuntos controversos das usinas hidrelétricas, multas ambientais, impactos na biodiversidade, entre outros. Vários indicadores importantes não são reportados. 

Para uma empresa da importância da Alcoa, consideramos este relato bastante tímido, pouco ousado e com aparente falta de transparência das informações, o que pode ser acarretado pelo formato muito resumido do relatório e que esperamos sanar com os questionamentos abaixo:

Prezados Profissionais da Alcoa.

Sou Roberto Leite, editor do blog "testando os limites da sustentabilidade" e atendendo um convite de vocês, nossa equipe leu o relatório da empresa deste ano e estamos com algumas dúvidas que gostaríamos e muito que fossem sanadas.

Assim, segue abaixo os nossos questionamentos e gostaríamos e muito de ter uma data acertada para publicação.

Grato pela atenção.

Roberto Leite.

1- Vocês poderiam apresentar uma prestação de contas sobre a gestão de risco da empresa ? O que foi feito em 2011 sobre esta questão ?

2- Sobre as questões relativas a corrupção, quantos casos foram identificados pela empresa e como foi tratada a questão ?

3- Com relação aos fornecedores, vê se que dos 1100 contratos firmados com fornecedores críticos, apenas 30 foram auditados em 2011, menos de 3% do total. Será que é por isto que não se tem registro de desvios? Qual a razão de uma auditoria numericamente tão pequena ?

4- Seria possível conhecer as cláusulas de direitos humanos que devem ser atendidas pelos fornecedores da Alcoa?

5- O que é avaliado em termos de sustentabilidade pela Alcoa de seus fornecedores presente no questionário citado na página 6 ?

6- Quando que o Fundo Juriti investiu na comunidade neste ano de 2011 ?

7- Vocês poderiam definir o que é erro humano no conceito da Alcoa sobre as relações trabalhistas ?

8- Por que vocês não possuem uma política formal para contratar fornecedores locais ?

9- Por que apesar das boas taxas de clima organizacional a rotatividade de empregados jovens cresce ano após ano ?

10- Vocês poderiam explicar como funciona o conselho regional de relações comunitárias e como é efetivamente realizada sua governança ? Este projeto ocorre em todas as plantas da Alcoa ?

11- Vocês não citam no relatório exemplos de projetos sociais e resultados. Vocês poderiam ser mais claro neste ponto ?

12- Parabéns por exemplificar que para Alcoa fornecedor local é aquele que está no município da sua operação. Muito claro isto! Mas gostaríamos de saber porque os fornecedores das pequenas cidades estão diminuindo ano após ano dentro do portfólio da Alcoa ?

13- Gostaríamos de sugerir que no próximo ano a empresa apresente informações além dos funcionários, mas também dos terceiros. Num mundo onde a terceirização é bastante comum, é uma pena não recebermos estas informações. A GRI é bastante clara ao pedir isto em vários indicadores da família LA, como o LA1, por exemplo. Faltou informações importantes sobre esta questão das relações trabalhistas.

14- Sobre as hidrelétricas, sentimos uma falta de transparência sobre as polêmicas acerca das usinas Barra Grande e Pai Querê. Sem entrar no mérito das controvérsias do projeto, entendemos que um relatório de sustentabilidade deve atender ao princípio de equilíbrios trazendo as notícias boas e ruins, e neste ponto este relatório deixa a desejar, uma vez que não traz absolutamente nada sobre toda a forma que este projeto está sendo conduzido, se limitando a escrever que existe 93% de aprovação da população no entorno do município da usina Barra Grande. 
A audiência pública de Pai Querê foi bastante complexa, o que no mínimo mereceria uma abordagem mais assertiva neste relatório. Do ponto de vista de credibilidade, a Alcoa acaba nos deixando, a partir deste momento de leitura, com a “pulga atrás da orelha” sobre a gestão da empresa nesta questão. 
Poderíamos receber esclarecimentos e a visão da empresa sobre tudo o que se divulga na internet (e não é pouco) sobre estes projetos? Ou devemos formar nossa opinião com o que está sendo publicado? 

Vejam o que encontramos a respeito:
 http://riouruguaivivo.wordpress.com/,
http://observatorioambiental.com.br/2012/03/26/mais-uma-hidreletrica-do-pac-e-questionada-por-ambientalistas/

http://crismenegon.com.br/portal/1-artigos/2017-a-barragem-de-paiquere.html

São críticas e mais críticas sobre destruição, desrespeito a comunidades, fraudes, erros técnicos e por aí vai...


15- Muito interessante e claras as informações sobre as medições e reduções de emissões, no entanto não ficou claro por que houve um aumento considerável nas emissões oriundas de carvão mineral nos ultimos anos. Por que isto acontece ? Este aumento não contradiz o posicionamento da empresa frente suas afirmações relativas a qualidade do ar ?


16- A empresa reporta dados sobre a redução do consumo específico de água. Como está a visão da empresa em relação a pegada hídrica, que agora tem um protocolo montado para esta análise?


17- O que vocês querem dizer na nota da página 20 denominada EM 2011: “ a redução obteve aumento em seu consumo de 7,7%” ?

18- O que a empresa faz com os resíduos perigosos que não são reciclados ? Qual a segurança da sociedade para com a destinação correta destes resíduos ?

19- Sabemos que as atividades da  mineração são impactantes para moradores do entorno das unidades. Estranhamos não encontrar qualquer informação sobre isto no relatório. Poeira, condição de estradas, acidentes de trânsito causados por caminhões da empresa ou terceiros, nada disto e reportado para nós, leitores. Vocês possuem essas informações ?

20- Retirando o investimentos em parques de conservação, quanto a Alcoa investiu em projetos sociais em 2011 ?

21- Vocês afirmam que das áreas degradas em 2012 vocês recuperarão 120 hectares. Isto é quantos % do total a ser recuperado ?


22- A Alcoa traça uma linha de 1,5 milhão em multa para o conceito de significativo e daí afirma que não foram emitidas multas significativas ambientais. Qual a razão de se escolher a base de 1,5 milhão ? Os stakeholders que vivem próximo a uma unidade da Alcoa adoriam saber das multas mais baixas, relacionadas aos impactos causados na vida deles. Que tal apresentar as multas com valores até R$ 50.000,00? Será que o cenário muda? A empresa paga todas as multas ou recorre sempre ?


23- Sobre segurança vocês reportam que não houve óbitos. Isto também se aplica a todos os funcionários de empresas terceiras que trabalham para a Alcoa? Aliás, qual é afinal o número de funcionários de empresas que prestam serviços para a Alcoa?

24- Apesar de não haver óbito, o total de incidentes com lesão aumentaram de 10 para 11. Isto não é uma bomba relógio armada para um futuro acidente fatal ? Qual o trabalho da empresa para reduzir este índice ?




Nenhum comentário:

Postar um comentário