quarta-feira, 9 de maio de 2012

Einsten teve seu limite testado. Bem.... Isto é relativo.


Olá Amigos,

Nesta semana nossa equipe resolveu testar os limites do hospital Albert Einsten, uma associação sem fins lucrativos de renome nacional na área da saúde.

Ao ler o relatório, a primeira vista, parece algo completo e bem estruturado, no entanto, nas entrelinhas, vimos o quanto este documento está vazio não em conteúdo mas em metodologia e na falta de reportar o que realmente interessa no âmbito da sustentabilidade seguindo o modelo GRI.

Apesar de ser um relatório proposto pela comunidade judaica, eles não economizaram nas palavras, mas ficou muito sem conteúdo. Nota-se que eles fazem trabalhos interessantes, mas não fica claro como são desenvolvido os projetos, bem como quais os resultados apresentados, principalmente com os projetos subsidiados pelo governo por meio de convênios.

Assim, encaminhamos abaixo os nossos questionamentos e esperamos que tenhamos as respostas.

Shalom a todos os nossos leitores.

Boa Leitura.



Prezados Profissionais do hospital Albert Einsten,

Sou Roberto Leite, editor do blog “testando os limites da sustentabilidade”, canal que busca discutir os relatórios de sustentabilidade das organizações.
Esta semana nossa equipe leu o relatório do hospital e ficamos com algumas dúvidas que gostaríamos e muito que fossem sanadas.
Assim, segue abaixo os nossos questionamentos e se não for possível a resposta, gostaríamos de receber uma posição negativa de maneira oficial.

1- Os trabalhos desenvolvidos nas UBS na cidade de sp são com recursos advindos do hospital ou de verbas públicas ?

2- Em que momento as pesquisas desenvolvidas pelo hospital são revertidas em benefício para a sociedade como um todo e não só para os pacientes do hospital visto que metade do recurso advém de verbas públicas ?

3- O que esta incluso nos 151 milhões de reais investidos em ações sociais por parte do hospital ? Esta incluso as verbas recebidas do governo por meio das parcerias público - privadas ou não ?

4- O que o hospital faz com os 90 milhões de superavit visto que e uma instituição é sem fins lucrativos ?

5- Dos 7 transplantes cardíacos realizados pelo hospital com destaque no relatório, quantos foram particulares e quantos foram públicos pelo SUS ?

6- Os transplantes feitos pelo SUS são realizados em qual hospital ? 

7- Qual o critério de seleção para os transplantes ? É o cadastro nacional ?

8- Os bolsistas do programa de pós graduação desenvolvidos pelo hospital são oferecidos somente para funcionários ou também atende a comunidade? Qual o critério de seleção dos bolsistas ?

9- Qual o critério para o hospital receber pacientes do SUS no setor de oncologia e hematologia do hospital ?

10- Os cursos técnicos oferecidos pelo hospital possui também sistema de bolsa ? Se sim, qual o critério de seleção ?

11- Qual o critério para selecionar os moradores de Paraisópolis a participar dos cursos de camareiro, cuidador, copeiro etc... ?

12- Por que a frequência de acidentes foi tão alto no Instituto Israelita de Responsabilidade Social em 2010, chegando a uma taxa de frequência de 19,4, quase o dobro da taxa do hospital em si ?

13- Qual a razão do índice de motivação dos empregados cair 3% de 2009 para 2010 apesar do índice alto de contratação ?

14- Vocês afirmam que a "atuação do hospital é cuidar da saúde de milhares de brasileiros sem distinção de origem ou classe social", no entanto, seus projetos com idosos são voltados somente à comunidade judaica. Isto não soa contraditório ?

15- Vocês apresentaram indicadores de satisfação de vários serviços prestados pela associação, mas não apresentaram uma pesquisa de satisfação do hospital municipal Moyses Deutsch que vocês administram com recurso público. Vocês possuem esses dados ? Se não, por quê ?

16- Por que o turn over do hospital é tão alto, principalmente entre os mais jovens, apesar de vocês afirmarem que possuem um ótimo ambiente de trabalho. Qual a razão disto ?

17- Por que houve um aumento de mais de 20% na geração de resíduo não reciclável por parte do hospital ?

18- Como será realizada esta auditoria anual nos fornecedores para avaliar os aspectos sustentáveis ? Qual a metodologia e critério para isto ?

Especificamente do GRI temos os seguintes questionamentos:

19 - O relatório é bastante interessante, trazendo informações de qualidade para o leitor. A linguagem é objetiva e acessível para todos os públicos. Todavia não podemos considerá-lo um relatório que atende ao nível B da GRI, uma vez que a premissa principal não foi atendida. Não foi apresentado qualquer trabalho de identificação de temas materiais por parte de stakeholders. Pelo que lemos, o Relatório foi construído a partir de uma visão unilateral (o próprio Albert Einstein), o que fere a linha mestra de relatórios de sustentabilidade GRI: Trazer uma temática em parte escolhida pelos stakeholders que gravitam em torno da organização.
Desta forma entendemos que não há atendimento aos Princípios de Materialidade e Inclusão de stakeholders. Esta percepção está correta ?

20- O Relatório faz menção, em vários momentos, a públicos de relacionamentos, mas não identifica claramente quem são estes. Quais são ?

21- De positivo encontramos vários indicadores de qualidade e segurança apresentados sobre um período de 5 anos.

21.1- Pesquisa de clima:
Na pesquisa de clima o que devemos entender a respeito dos graus de satisfação e motivação apresentados? O resultado apresentado mistura MUITO satisfeito com satisfeito e MUITO motivado com motivado. Como devemos interpretar estes resultados? Trata-se da soma dos dados obtidos destas duas opções?
Link http://www.einstein.com/sobre-a-sociedade/sustentabilidade Programa Einstein de Sustentabilidade demonstra erro de servidor (404 – file or directory not found)

21.2 INDICADORES
Encontramos varias informações importantes a respeito dos indicadores da GRI, porém, pela qualidade das informações apresentadas através do índice remissivo da pág. 116, fica evidente que não houve uma análise técnica sobre os protocolos dos indicadores. A impressão que temos após leitura do índice remissivo é que o Hospital Albert Einstein aplica os protocolos sobre os indicadores da GRI de forma opcional e livre. Infelizmente desta forma nunca será possível aplicar o Princípio da Comparabilidade ao longo do tempo e entre organizações do mesmo ramo. É triste entender que os painéis multistakeholders da GRI gastaram tanta energia para definir indicadores objetivos e vê-los sendo aplicados à revelia por uma organização tão renomada. Nossas percepções abaixo estão corretas ?
Esta característica foi evidenciada em boa parte dos indicadores apresentados. Abaixo citamos alguns exemplos:

EC6: O Relatório se limita a informar que compra 95% de produtos no mercado interno e 5% no externo. O que se espera aqui é uma resposta clara sobre a existência de política voltada para preferência a FORNECEDORES LOCAIS. E caso positivo, declara o % do orçamento gasto com estes fornecedores locais. Nem sequer encontramos uma definição clara do que o Einstein entende por LOCAL (definição geográfica).

LA7: Não foi relatado se houve óbitos no período reportado

HR1: Não há informações sobre número e % de contratos de investimentos significativos que incluam cláusulas referentes a direitos humanos. Interessante observar que houve expansão com a nova unidade avançada de Perdizes-Higienópolis. Fica a pergunta se os grandes empreiteiros que conduziram as obras, assim como fornecedores de equipamentos tiveram que atender a critérios de direitos humanos, e se foram avaliados quanto a isto.

HR2: Foi dito que já existem cláusulas referentes a trabalho infantil e escravo. O protocolo é claro ao solicitar que se apresente o % de contratos com fornecedores críticos onde estas cláusulas foram aplicadas. Não encontramos esta informação.

HR4: Nada foi apresentado sobre as providências tomadas em relação aos casos de discriminação registrados.

HR6 e HR7: É muito simples afirmar que não foram identificadas situações de trabalho infantil ou escravo (incl análogo). Ora, quem não procura não acha! Será que o Einstein buscou saber como anda o cumprimento da legislação sobre o máximo de horas extras a serem exercidas pelos seus funcionários e de seus prestadores de serviço? Será que foi feita uma análise de riscos na cadeia produtiva para identificar onde existe a possibilidade de ocorrência de trabalho infantil ou escravo (incl análogo)? É isto que o protocolo da GRI solicita.

SO3: Simplesmente reportar que não há um treinamento relativo a normativos anti-corrupção não lhes dá o direito de considerar o indicador atendido, uma vez que se trata de um tema extremamente MATERIAL para uma empresa hospitalar. Não seria bem mais ético considerar o indicador não atendido, elaborar um plano de ação para isto, trabalhar neste plano e no ano seguinte respondê-lo com propriedade, e daí sim, analisar se foi atendido??

EN1 (materiais): Não foram apresentados os principais insumos consumidos (ex. produtos de limpeza e desinfecção)

EN3/EN4: Não foi apresentado o consumo de energia comprada da concessionária de energia

SO1: Não há qualquer informação sobre realização de avaliação de impactos sociais das atividades, como, por exemplo, a construção da nova unidade Perdizes-Higienópolis.

SO5: Não há informações consistentes sobre posições assumidas pelo Albert Einstein em questões significativas que foram o foco da participação do hospital no desenvolvimento de políticas públicas.

SO8: Do ponto de vista de clareza e transparência para a sociedade seria de grande valia explicar por que existem multas que totalizam um valor de quase 14 milhões de reais.

Grato pela atenção e ficamos no aguardo.

Roberto Leite

Editor do blog Testando os Limites da Sustentabilidade


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