Olá Amigos,
Recentemente recebemos as respostas do Grupo AES e antes de tudo gostaríamos de agradecer o interesse desta empresa em nos responder e dar o seu posicionamento.
São posicionamentos como o desta empresa que garantem um debate sadio e uma discussão clara e transparente sobre os rumos que as organizações devem tomar neste novo cenário, pois é na controversa que crescemos e também aprendemos.
Confesso que posso não concordar com alguns posicionamentos apresentados pela AES, mas é importante ver como esta empresa trata a questão frente ao cenário que ela apresenta.
Realmente é difícil cobrar de empresas como esta mais e mais energia renovável se nós consumidores queremos mais e mais energia em um prazo curto e custo baixo. Isto é impossível.
A sustentabilidade no campo deste negócio também possui como responsabilidade de toda a sociedade, não podemos ser hipócritas de assumir um discurso sobre fontes renováveis e não reduzirmos o nosso consumo e neste ponto o grupo AES está coerente ao agir desta forma.
De um modo geral as respostas da empresa foram satisfatórias, reconheceram erros,defenderam posições e apresentaram suas devidas justificativas.
Um ponto de destaque é que a empresa não possui uma integração, pois o relatório e os dados apresentados são muito confusos, pois a gestão da empresa realmente é confusa neste aspecto. Cada unidade trabalha de uma forma, sendo impossível para a empresa mãe reportar os dados de maneira eficiente.
Outro ponto que também deve ser melhorado são as questões sociais, ficou evidente que a empresa não possui um plano consistente de relacionamento comunitário, tanto entre as pessoas que vivem no entorno das barragens, quanto nos lugares onde a empresa irá construir empreendimentos, bem como um programa mais efetivo de segurança nessas comunidades sobre o risco de acidente elétrico.
O relacionamento com grupos ambientais também deve ser melhorado, pois neste debate a empresa pouco envolve esses agentes em suas discussões.
Novamente agradecemos a empresa em nos responder e parabenizamos a AES pela forma direta e respeitosa em que os assuntos foram tratados.
Segue abaixo as respostas da empresa.
Tenham todos uma boa leitura.
1- Por que os recursos aplicados em cultura no RS é
muito maior que em outros estados?
Seu comentário foi
oportuno pois possibilitou que identificássemos um equívoco na informação
disponibilizada nesse ponto do relatório de sustentabilidade da companhia.
Notamos que os dados que lhe chamaram atenção correspondem ao investimento no
projeto de regularização da classe de consumidores “baixa renda”, apresentado
posteriormente na página 99.
Diante do aviso já
efetuamos a correção dos dados e retificamos a informação no relatório
disponibilizado em nosso site. Abaixo encaminho a informação conforme
apresentada no relatório da AES Sul.
O investimento em cultura da AES Sul totalizou R$ 1,3
milhão em 2011, valor semelhante ao investido em 2010. Esse valor contempla
projetos como a Casa de Cultura e Cidadania que beneficiou mais de 12 mil
pessoas, direta e indiretamente, só na unidade de Novo Hamburgo. Em 2012 a empresa lançou o
Prêmio Empreendedor Cultural (http://empreendedorcultural.com.br/), que tem como
objetivo democratizar o acesso aos recursos de incentivo à cultura da empresa,
promovendo o desenvolvimento da cadeia produtiva cultural em regiões menos
favorecidas e teremos um aumento no investimento realizado.
2- Ao ver os projetos desenvolvidos em comunidades
pela AES frente a sua capilaridade, notamos a abrangência ridiculamente
pequena. A empresa pretende aumentar os investimentos e a capilaridade desses
projetos nos próximos anos?
Essa pergunta
é bastante oportuna, pois permite detalharmos não somente a estratégia de
investimento social privado (ISP) da companhia, como também a forma pela qual
projetos inovadores como, por exemplo, a Casa de Cultura e Cidadania, AES nas
Escolas e nas Comunidades e o Programa de Transformação de Consumidores em
Clientes atuam no desenvolvimento e transformação das comunidades onde estamos
presentes.
Em 2011 foram
investidos R$ 104 milhões para a promoção da inclusão social e cidadania, da
educação para o uso consciente e seguro de energia, da cultura, do esporte e da
geração de renda nas comunidades de baixa renda.
Nessas frentes
objetivamos a transformação da vida das pessoas beneficiadas, seja pela
disponibilização de um espaço para desenvolvimento da Cultura e Arte em regiões
desprovidas de tal serviço pelo Estado (Casa de Cultura e Cidadania), seja no
compartilhamento de nosso conhecimento sobre o uso seguro e eficiente da
energia elétrica (AES nas Escolas e nas Comunidades), seja pela inclusão social
proporcionada pelo programa de Transformação de Consumidores em Clientes, no
qual emitimos um comprovante formal de endereço para pessoas desprovidas de tal
beneficio, possibilitando sua inclusão na sociedade e no sistema formal de
crédito.
Os três
principais projetos da companhia beneficiaram, conjuntamente, mais de 543 mil
pessoas em 2011, e mais de 2 milhões somente no programa de regularização de
clandestinos – detalhado na resposta 15 – desde 2004, números que consideramos
bastante significativos.
Quanto aos
investimentos, pretendemos manter o volume de recursos próprios e utilizar ao
máximo os recursos incentivados, buscando continuamente o envolvimento de
nossos parceiros para ampliação dos impactos positivos resultantes dessas
ações.
3- Nos investimentos comunitários, quantos % é recurso
próprio e quantos % é incentivado?
Em 2011 o
aporte financeiro foi de R$ 104 milhões, dos quais R$ 32 milhões de recursos
próprios e R$ 72 milhões incentivados, conforme apresentado na página 95 do
relatório. Percentualmente, esse montante corresponde a 30,8% em recursos
próprios e 69,2% em recursos incentivados.
4- Por que a diferença entre o maior e o menor salário
praticado é tão grande na empresa, chega a dar mais de 70 X. Isto não é uma
política que não garante uma uniformidade entre os empregados? Vocês não
acreditam que a diferença está absurdamente alta?
Para responder
a esse questionamento faz-se necessário o esclarecimento de que o dado
apresentado reflete a remuneração total paga pela companhia e não somente o
salário mensal.
A remuneração
total contempla o salário mensal e alguns benefícios pagos anualmente como, por
exemplo, bônus e incentivos de longo prazo distribuídos de acordo com as
responsabilidades de cada colaborador.
Nesse sentido,
e da mesma forma que as responsabilidades são distintas entre os colaboradores
da organização, é natural que tenhamos uma diferença entre os salários totais
da nossa base de colaboradores e da alta liderança.
Vale mencionar
ainda que a AES mantém-se alinhada com as práticas do mercado e,
independentemente do nível funcional, mantém um programa de remuneração e
benefícios compatível com o praticado pelo mercado no setor de energia e
correlatos.
5- Por que a quantidade de reclamações da comunidade do entorno da AES
SUL chega a 19.749 em 2011, enquanto na Eletropaulo este índice é zero? Será
que o pessoal de SP é muito passivo ou o pessoal do RS que é muito chato mesmo?
Nesse ponto temos uma
divergência de critérios adotados pelas empresas no tratamento das informações.
Enquanto a AES Sul contabiliza o total de reclamações recebidas pelos canais
comerciais, a AES Eletropaulo divulga informações relativas aos impactos
ambientais nas comunidades, que de fato não foram registradas para o período em
questão.
Trabalharemos no
alinhamento desses conceitos para que o próximo relatório permita uma
comparação mais adequada.
6- Vocês realmente mediram todos os impactos de
transferir a sede da empresa para Barueri? Os empregados foram envolvidos nesta
decisão? Como fica a questão do transporte e deslocamento dessas pessoas para a
nova região? Vocês perderam funcionários em virtude desta mudança?
Uma mudança
dessa natureza não deve ocorrer sem uma avaliação adequada dos impactos,
positivos e negativos, sob diversos aspectos. E isso foi feito pela companhia,
que trabalhou por vários meses na avaliação e entendimento dos impactos que a
mudança traria para a organização e seus colaboradores e desenvolveu diversas
ações para potencializar os aspectos positivos, bem como para minimizar os
negativos.
Trabalhamos
numa comunicação direta e frequente, com atualizações mensais via intranet,
sobre questões relevantes e dúvidas endereçadas pelos colaboradores. Tal
processo contou com o apoio de um grupo muito especial e fundamental para o
sucesso desse projeto: os embaixadores da mudança.
Os
“embaixadores da mudança”, grupo composto por 60 colaboradores das diversas
áreas envolvidas na mudança, tornaram-se fundamentais nesse processo. Eles
atuaram como uma via de comunicação direta entre a alta liderança da companhia
e os 1.600 colaboradores envolvidos na mudança.
Além de
resolverem questões e dúvidas específicas de colaboradores (como meios de
transporte, locais para alimentação e horários de trabalho, por exemplo), os
embaixadores foram importantes para captar as demandas e expectativas para a
melhoria na qualidade das relações de trabalho, algo que já reflete no aumento
da produtividade da maior parte dos colaboradores.
Uma das
inovações derivadas desse grupo foi a implementação do trabalho remoto (home office), opção que permite que
colaboradores trabalhem a partir de suas casas para conciliar a solução de
problemas pessoais com o atendimento das demandas profissionais. Optamos também
por não determinar estações de trabalho fixas, desse modo cada colaborador
escolhe a estação de trabalho onde realizará suas atividades diárias,
facilitando as atividades que necessitam do trabalho conjunto de áreas que não
compartilhavam o mesmo espaço de trabalho nas instalações anteriores.
Nosso horário
de trabalho também mudou. A companhia adotou como horário oficial de trabalho o
período das 7h00 às 16h00 na Nova Sede, evitando o horário de pico de transito
na região e reduzindo o tempo de deslocamento dos colaboradores entre suas
casas e o local de trabalho.
As 24 linhas
de ônibus fretados pela companhia oferecem um transporte de qualidade para
cerca de 80% dos colaboradores da Nova Sede que optaram por essa opção de
deslocamento, sendo um benefício parcialmente subsidiado pela AES para dar
conforto e segurança aos colaboradores.
O detalhamento
das ações e da satisfação dos usuários com a mudança será apresentado no próximo
relatório de sustentabilidade do grupo, uma vez que a mudança ocorreu em 2012.
Uma pesquisa será realizada em Dezembro para avaliar a percepção dos
colaboradores sobre a Nova Sede.
7- Por que o índice de empregados negros e pardos é
tão baixo na empresa? Qual a razão desta discrepância frente a realidade
brasileira?
A AES Brasil
possui atuação em duas regiões do Brasil cujas realidades são muito distintas.
O histórico de ocupação do Estado São Paulo foi muito diferente do observado no
Rio Grande do Sul, cuja população negra é uma significativa minoria que se
reflete na estrutura organizacional.
No Estado de
São Paulo, o relatório síntese de indicadores sociais do IBGE aponta para uma
população negra ou parda de 34%, número superior aos 20% registrados atualmente
na companhia no Estado de São Paulo.
Entendemos que
tal divergência é reflexo de nossa política de valorização da diversidade, que
estabelece diretrizes para o estímulo e a valorização da diversidade e não
discriminação do Grupo AES inclusive em processos de recrutamento, contratação,
treinamento, promoção e demissão promovendo um local de trabalho de inclusão.
8- Vocês apresentam uma pesquisa de clima com um
resultado alto (79%), mas vocês poderiam apresentar os resultados dos últimos 3
anos para efeito de comparação?
A pesquisa de
clima é realizada anualmente na AES Brasil e apresenta resultados consistentes
nos últimos três anos. Em 2009 tivemos 73% de percepção positiva por parte dos
colaboradores, em 2010 esse percentual passou para 82% e em 2011 apresentou
leve redução para 79%.
9- Quais os resultados práticos para com os empregados
do projeto Bom Dia Meio Ambiente?
O “Bom dia
Meio Ambiente” é uma iniciativa da companhia para disseminação de boas práticas
de meio ambiente e sustentabilidade – como uso eficiente de energia e água,
reciclagem de resíduos, coleta seletiva nas operações, cuidados no manejo da
vegetação, entre outros – e ocorre mensalmente em conjunto com o “Bom Dia
Segurança” com 100% dos colaboradores próprios e contratados com atuação no
sistema elétrico de potência.
Como resultados práticos
temos a melhoria do entendimento e conscientização dos colaboradores no tema,
bem como a melhoria no sistema de gestão ambiental da companhia.
10- Vocês afirmam que dos 59 empresas fornecedoras
inspecionadas em 2011, apenas 32 foram homologadas. O que aconteceu com os não
aceitos?
O processo de
homologação é importante para garantirmos a qualidade dos serviços prestados
pela companhia aos nossos 20 milhões de clientes.
Tal processo é
anterior à efetivação das contratações e tem por objetivo garantir o
atendimento aos critérios estabelecidos na legislação e pela AES no Brasil e no
mundo.
Desse modo,
todo fornecedor que não seja qualificado no processo de homologação recebe uma
comunicação formal da companhia com o apontamento das necessidades de melhoria
para saneamento dos pontos críticos.
Em sua
maioria, os motivos para a não homologação incluíram a falta de controles de
segurança do trabalho ou meio ambiente exigidos pela legislação brasileira e
também inconsistência dos planos de ação frente aos desvios identificados.
11- Qual a razão da AES sul apresentar um volume de
resíduos perigosos gerados de 1238% maior que os gerados pela Eletropaulo. O
que aconteceu?
Nesse ponto
verificamos uma troca dos dados entre as empresas AES Tietê e AES Sul.
Adicionalmente, verificamos que os dados da AES Tietê apresentam uma
inconsistência com as informações de origem e já retificamos o dado no
relatório disponibilizado em nosso site. Os
dados corretos seguem abaixo:
AES Sul
AES Eletropaulo
AES Tietê
12- Vocês poderiam apresentar os dados de emissões dos últimos 3 anos
para efeito de comparação?
Seguem dados abaixo:
AES Eletropaulo
As informações relativas à AES Eletropaulo divergem do valor apresentado
no RS da AES Brasil (160.096 tCO2) pois consideraram, no momento de
lançamento, os fatores de emissões disponíveis no Ministério da Ciência e
Tecnologia. Com a divulgação dos fatores de emissão dos meses de setembro a
dezembro pelo MCT o dado foi corrigido no RS da AES Brasil.
AES Sul
AES Tietê
13- Por que os ambientalistas não foram incluídos no
debate de relação entre a fauna e sistemas elétricos?
O Workshop de
Fauna, promovido pela AES Eletropaulo, foi o primeiro encontro técnico para
discussão sobre a interação da fauna com o sistema elétrico.
Nesse encontro
especialistas representando as empresas do setor elétrico e de órgãos
ambientais, como DEPAVE e Secretaria do Meio Ambiente, discutiram os principais
problemas e as formas como as empresas têm trabalhado na minimização de
eventuais impactos decorrentes de suas atividades. Tratou-se, portanto, de um
levantamento de práticas e ações em andamento no setor.
A participação
de ambientalistas, assim como de representantes de instituições de ensino e
pesquisa, poderá ser viabilizada em encontros futuros para a discussão de novas
ações, bem como de projetos compartilhados para que os eventuais problemas
sejam minimizados.
14- Vocês afirmam que 90% da energia gerada por vocês
advém de fontes renováveis. Com a entrada da térmica de Canas, este índice
cairá para quanto?
A resposta a
essa pergunta depende de alguns esclarecimentos importantes sobre (i) a
diferença entre capacidade instalada e energia gerada, (ii) o modelo de
despacho (acionamento) de usinas coordenado pelo Operador Nacional do Sistema
(ONS), e (iii) sobre o modelo de comercialização de energia.
A capacidade
instalada corresponde ao potencial garantido para produção de energia de uma
usina, enquanto a energia gerada reflete o montante efetivamente gerado em uma
unidade. Nesse sentido a Termo São Paulo responderá por 17% de capacidade
instalada da AES Tietê considerando os dados atuais. Atualmente temos 100% de
nossa energia gerada por fontes renováveis.
Sobre o
acionamento das usinas, que reflete a energia efetivamente gerada, a ONS é
responsável pela programação de acionamento e com isso torna-se impossível a
previsão do percentual de energia efetivamente gerada pelas usinas da AES Tietê
nos próximos anos. A opção pelo acionamento das termelétricas é sempre
secundária em relação ao das hidrelétricas quando existe disponibilidade de
água, mas em momentos de escassez hídrica como a que enfrentamos atualmente o
acionamento das térmicas faz-se necessário para garantia da demanda energética
do país. Falamos, nesse caso, de segurança energética na garantia da demanda e
alguns casos recentes ilustram com bastante clareza a necessidade de tal
recurso. A região Nordeste, por exemplo, tem cerca de 40% do seu abastecimento
atual a partir de usinas termelétricas devido aos baixos níveis de
reservatórios. Nesse contexto a diversificação da matriz energética é um fator
fundamental para a manutenção da segurança energética de um país.
Quanto ao
consumo e comercialização de energia, informação refletida no gráfico no qual
mencionamos que mais de 90% da energia consumida e comercializada pela
companhia advém de fontes renováveis, é importante considerarmos que tratamos,
nesse caso, da energia comprada pelas empresas do Grupo, o que inclui o volume
produzido pela AES Tietê e negociado com a AES Eletropaulo no mercado regulado,
como também os demais contatos de comercialização que correspondem a um volume
significativamente maior do que o produzido pela AES Tietê.
15- Quando ocorre inspeções de "gatos" nas
comunidades carentes, vocês simplesmente cortam a luz das pessoas, ou possui
algum programa imediato de regularização da situação, antes de cortar a
energia?
A AES Brasil,
por meio da AES Eletropaulo e AES Sul, desenvolve, desde 2004, o programa de
regularização de ligações clandestinas (“gatos”) no âmbito do “Programa de
Transformação de Consumidores em Clientes”, apresentado na página 69 do
relatório ou em nosso canal no Youtube (vídeo 1 / vídeo 2).
Desde sua
criação, em 2004, o programa já beneficiou mais de 2 milhões de pessoas, em 500
mil regularizações em São
Paulo e no Rio Grande do Sul, que passaram a contar com um
suprimento confiável e seguro de energia, além de contarem com um comprovante
de endereço (fatura de energia) que possibilita sua inserção no sistema formal
de crédito.
Adicionalmente
à regularização, todas as instalações beneficiadas pelo projeto são verificadas
quanto à necessidade de adequações e de substituição de equipamentos. Essa
verificação resultou na substituição de cerca de 1,5 milhão de lâmpadas
incandescentes por fluorescentes compactas, de mais de 36 mil geladeiras e 12,5
mil recuperadores de calor (chuveiros inteligentes).
Tais medidas,
em conjunto com o programa de educação para o consumo consciente, objetivam que
o cliente regularizado tenha condições de se manter adimplente mediante consumo
adequado de energia elétrica. Esse processo conta ainda com o suporte no
período de adaptação pós-regularização, no qual os clientes recebem o
acompanhamento do consumo energético e uma fatura subsidiada por 6 meses,
contribuindo a efetividade do programa.
16- Por que vocês afirmam que os 89,1 milhões advindos
do programa de eficiência energética da Aneel é investimento se isto é
compulsório?
Entendemos que
o investimento em um projeto ou comunidade pode ser realizado com recursos
próprios ou incentivados. Considera-se nessa questão os custos relativos a
compra de materiais e equipamentos (Capex) e não se incluem custos operacionais
(Opex).
Adicionalmente,
em todos os programas que apresentam investimento regulado também investimos
recursos próprios em montantes significativos. No caso do programa de
transformação de consumidores em clientes da AES Eletropaulo, por exemplo, os
investimentos totalizam R$ 159,2 milhões em recursos incentivados e R$ 161,8
milhões em recursos próprios entre 2004 e 2011.
17- Como é a relação da empresa com o movimento social
de pessoas atingidas pelas barragens?
O movimento
dos atingidos por barragens (MAB) é uma organização social que tem atuação
focada na solução de problemas decorrentes de conflitos para instalação de
empreendimentos hidrelétricos.
Foi registrada
uma ocorrência em 2003 na qual os manifestantes exigiam da AES Eletropaulo a
redução na fatura de energia e que não fossem mais construídas barragens do
Vale do Ribeira (SP), atividades que não tinham ligação direta com a companhia
pela diferença de atividade e área de concessão.
18- Como é feito o relacionamento com os
ambientalistas de SP frente a construção da Térmica na cidade de Canas? Houve
aprovação deste grupo frente ao projeto? Como o diálogo e relacionamento com
este público é feito neste caso?
O projeto
Termo SP vem sendo conduzido de acordo com as diretrizes estabelecidas para
empreendimentos de sua tipologia. Isso inclui, entre outras ações, o
estabelecimento de canais formais de comunicação (site e email) e a realização
de audiências públicas para discussão do projeto com a comunidade local e com
membros do Conselho Estadual de Meio Ambiente (Consema).
Ao longo do
projeto, foram realizadas apresentações e discussões com a comunidade dos 3
municípios envolvidos na área de influencia direta do empreendimento, antes
mesmo da realização das audiências públicas. Foram realizadas mais de 30
apresentações a diferentes representantes da sociedade: câmaras municipais,
escolas (públicas, técnicas e universidades), representantes de associações
rurais e comerciais, entidades de classe (CREA e OAB), igrejas, conselhos
municipais (meio ambiente, criança e do adolescente, assistência social) e
ONGs, além de membros da sociedade civil. Em todas essas apresentações,
representantes da AES estavam presentes para responder as dúvidas levantadas.
Os canais de
comunicação criados incluem um site dedicado ao projeto (www.aestiete.com.br/termosaopaulo), com apresentação detalhada do projeto e respostas
às principais dúvidas, além de um canal de relacionamento direto com a empresa
e equipe do projeto por email (termosaopaulo@aes.com).
Vale notar que
durante o processo de licenciamento e Audiências Públicas, dúvidas foram
apresentadas e sanadas, levando inclusive a alterações de projeto. Os efluentes
líquidos, por exemplo, após tratamento e resfriamento eram direcionados ao
Ribeirão das Canas no projeto inicial. Após solicitação da comunidade o projeto
foi revisado e atualmente prevê o direcionamento para o Rio Paraíba do Sul.
De modo a
minimizar as incertezas sobre a operação de uma usina dessa tipologia, a AES
Tietê organizou visita técnica a uma usina semelhante e em funcionamento para
conhecimento prático do projeto e discussão dos impactos e medidas ambientais e
sociais aplicáveis. A mídia local e regional teve oportunidade de acompanhar as
discussões e divulgar suas opiniões e dúvidas.
19- Qual a metodologia aplicada pela AES Tiete para
desenvolver o chamado "plano de desenvolvimento sustentável de
Canas". Como a empresa vai envolver de maneira significativa a comunidade
nesta questão?
As demandas da
sociedade local foram captadas e organizadas por consultoria especializada
durante as reuniões e audiências realizadas ao longo da primeira fase do
projeto. Nos mais de 30 encontros realizados, dezenas de demandas foram
identificadas e organizadas para atendimento às expectativas da sociedade
local. O resultado do levantamento nas 3 cidades da área de influência direta (Canas,
Lorena e Cachoeira Paulista) serviu como base para formulação dos programas e
ações concretas visando atender tais expectativas.
A organização
de tais demandas é importante pois permite não só que ações sejam desenvolvidas
de forma complementar nos três municípios, como também que tenham resultados
complementares e aditivos.
O
desenvolvimento de programas socioambientais será realizado mediante
implantação do empreendimento, após concessão da Licença Ambiental de
Instalação (LI) pelo órgão ambiental competente. Os detalhamentos do programa
estão em andamento e serão divulgados no momento da solicitação da licença de
instalação a CETESB.
20- Quantos % dos empregados da construção da térmica
de Canas serão da cidade de Canas?
A contribuição
da AES Tietê para o desenvolvimento regional inclui, entre outras ações, a
priorização de fornecedores e mão de obra locais na instalação e operação do
empreendimento.
Ciente de
especificidade de algumas funções e da necessidade de preparação da comunidade
local para essas atividades, a AES Tietê elaborou um programa de capacitação de
mão de obra que contemplará o oferecimento de vagas para treinamento e formação
de pessoas para as atividades diretamente ligadas ao empreendimento (soldador,
mecânico, eletricista, instrumentador, guindasteiro e isolador, entre outras),
além de vagas para capacitação da mão de obra indiretamente relacionada com o
empreendimento (motorista, enfermeiro, cozinheiro, viveiristas, vigias e
secretárias, entre outras).
Devido à
necessidade de envolvimento da população local nos programas de capacitação
para atendimento aos requisitos técnicos, de segurança do trabalho e meio
ambiente exigidos para as funções não é possível afirmar o percentual de
trabalhadores que será contratada diretamente na região.
Destaca-se
ainda que todos os subcontratados e envolvidos na construção da usina terão que
seguir os mesmos compromissos estabelecidos pela AES de priorização de mão de
obra local e foco em segurança e conservação do meio ambiente.
21- Como fica a questão do empreendimento em Canas
frente aos diversos impactos sociais oriundos de uma obra deste porte numa
pequena cidade?
O processo de
licenciamento ambiental prevê não só a análise dos impactos ambientais, como
também dos sociais em diversos aspectos. Desse modo, e em complemento ao
apresentado nas questões 19 e 20,
a região receberá contrapartidas socioambientais
baseadas nas demandas apresentadas pela comunidade e na análise do órgão
ambiental competente.
Prevemos ainda
o trabalho na formação de mão de obra, reforço de infraestrutura (hospitalar
notadamente), formação ambiental, resgate de patrimônio arqueológico,
conservação de fauna e plantio de árvores, entre outros, fazem parte dos
programas a serem desenvolvidos pela AES.
22- Vocês falaram que desenvolvem um projeto chamado
Dam Break para retirada de pessoas que moram perto das represas em casos de
enchentes. Isto é só um plano no papel ou vocês já fizeram uma simulação real
da questão envolvendo toda a comunidade?
A ação
antecipatória para resguardo da segurança das pessoas é um compromisso da AES
Tietê. Nesse sentido, e de forma semelhante aos programas de comunicação sobre
os riscos do uso inadequado dos reservatórios, trabalhamos periodicamente na
divulgação de informações relevantes à população.
Comunicações
sobre abertura ou fechamento de vertedouros são enviadas sempre que necessário
aos jornais e rádios das áreas de entorno dos reservatórios e a repercussão
dessa informação é importante para atingirmos a população. De forma
complementar, todas as usinas contam com dispositivos sonoros de alta
intensidade (sirenes) para aviso aos moradores do entorno de até 3 km do vertedouro sobre a
abertura dos vertedouros.
O projeto Dam
Break integra o Sistema de Gerenciamento de Ações Emergenciais da AES Tietê, e
está em fase final de desenvolvimento. Sua abordagem inovadora será de
fundamental importância para a ação prévia junto aos órgãos oficiais de defesa
civil, uma vez que permitirá uma estimativa mais apurada das áreas passíveis de
alagamento, atuando assim na prevenção de riscos.
No momento
temos resultados preliminares das simulações que ainda não permitem o
acionamento das equipes dos órgãos oficiais da defesa civil para planejamento e
atuação preventiva em situação de emergência junto à sociedade. Isso será
realizado em breve, após conclusão do projeto.
23- Por que mais de 80 % das reclamações da AES SUL é
oriundo de interrupções de energia? A empresa está com problema sério de
abastecimento na região?
Não, a AES Sul
está segura em afirmar que não existe problema de abastecimento na área de
concessão da companhia e as informações sobre melhoria no desempenho dos
indicadores operacionais DEC e FEC apresentados na página 50 demonstram uma
evolução significativa na qualidade do serviço prestado.
O cenário
observado reflete uma diferença metodológica entre os critérios de
classificação adotados para a AES Eletropaulo e AES Sul. Na primeira são
contempladas somente as reclamações consideradas como precedentes, ou seja, as
que foram identificadas como pertinentes no local e hora na qual o reclamante
faz a solicitação.
Já na AES Sul
o dado não expurga informações improcedentes, cujo tratamento já foi corrigido
ou que refletem problemas internos das instalações e não são de
responsabilidade da companhia.
Essa
divergência já está em análise e no próximo relatório pretendemos apresentar as
informações com base no mesmo critério para facilitar o entendimento.
24- Quais são as principais queixas dos clientes que
chegam ao Procon contra vocês?
Os principais motivos
apresentados nas reclamações endereçadas ao Procon de São Paulo incluem
questionamentos sobre consumo, contestação de débitos e ordens de serviço.
Juntas essas categorias correspondem a 80% das reclamações endereçadas à
companhia.
Já no Estado
do Rio Grande do Sul, os principais motivos incluem questionamentos sobre
consumo, indenizações sobre danos elétricos e reclamações sobre falta de
energia.
25- Vocês poderiam passar em números absolutos o
números de reclamações que vocês receberam pela Aneel e Procon no último ano?
As imagens
abaixo foram extraídas dos relatórios de sustentabilidade da AES Eletropaulo e
AES Sul.
AES Eletropaulo
AES Sul
26- Vocês poderiam explicar melhor como funcionam essas blitzes de
segurança implementada pela empresa?
As blitze de segurança são
ações proativas da companhia com foco na redução dos acidentes da população com
a rede elétrica. Tal iniciativa faz parte do Movimento Viva sem Acidentes e
prevê ações de disseminação de informações à população que trabalha na construção
e/ou ampliação de residências em regiões de baixa renda.
Baseada no mapeamento de
acidentes dos anos anteriores, ou de alguma demanda específica, a companhia
leva uma van com monitores especializados no tema e dotada de televisão com o
documentário “por um fio” para
disseminar informações sobre riscos de acidentes e cuidados com a rede
elétrica.
Os resultados dessa ação
são significativos e já possibilitaram a redução dos acidentes em 50% entre
2007 e 2011.
Mais informações sobre
nossas campanhas de segurança podem ser vistas nesse vídeo.
27- Como funciona o processo de indenização da AES frente pessoas da
comunidade que morrem em virtude de acidentes elétricos advindos da empresa? A
resposta é rápida? Dura em média quanto tempo?
Mesmo apresentando uma
redução significativa nos acidentes nos últimos anos, ainda temos ocorrências
com a população que resultam em fatalidades conforme apresentado em nosso
relatório de sustentabilidade. Tais fatalidades decorrem, em sua maioria, da
falta de percepção do risco que a rede elétrica pode provocar em caso de
acidentes e por esse motivo temos empenhado esforços significativos na
divulgação dessas informações.
Cada caso é examinado por
uma equipe especializada que gera um documento denominado RATER (Relatório de
Acidentes com População). Esse relatório inicia o processo de investigação do
acidente e será a base das análises realizadas pela companhia.
Adicionalmente, a
companhia presta apoio às famílias por meio de sua assistente social, a qual
presta suporte em todas as ocorrências em um momento de grande dificuldade.
A complexidade de cada
caso implica em um determinado tempo de resposta e por esse motivo não
trabalhamos com tempos médios para essa informação.
28- Esta caminhada de segurança que as ditas "lideranças" da
empresa realizam possui realmente o fim educativo ou funciona mesmo como uma
ação repressora?
As caminhadas de segurança
têm como o objetivo de melhorar a segurança de nossos trabalhadores no campo e
de forma alguma tem o caráter de punição ou repreensão. Os líderes realizam as
caminhadas de segurança enquanto os técnicos e demais colaboradores realizam as
inspeções de segurança.
Em caso de um desempenho
dentro do cenário esperado, os colaboradores recebem uma “raspadinha” que
permite a troca por um benefício. Obviamente, caso surjam desvios graves e que
podem levar a um acidente grave ou fatalidade, medidas corretivas e
disciplinares são tomadas para evitar que isso ocorra.
É importante destacarmos
que temos a Segurança de nossos colaboradores e população como valor nº 1, e
por esse motivo trabalhamos diariamente no fortalecimento de uma cultura de
segurança que privilegie a qualidade de vida de nossos colaboradores.
29- Por que os números de acidentes de trabalho com e sem afastamento
está aumentando todos os anos? Qual a razão deste índice não cair?
O aumento sensível no
percentual de acidentes com afastamento não indica uma inação da companhia, que
tem ampliado continuamente seus esforços na cultura de segurança mencionada na
resposta 28.
O que deve ser abordado,
nesse caso, é a redução da gravidade dos acidentes que tem resultado em lesões
de menor impacto e, consequentemente, menor tempo de afastamento dos
colaboradores de suas atividades.
Esse ponto será explorado
de forma mais adequada no próximo relatório de sustentabilidade do Grupo com
detalhamento de taxas de gravidade e frequência de cada empresa nos três
últimos anos.
30- Na política de sustentabilidade da empresa vocês afirmam que a AES
incentiva o uso de energias alternativas e renováveis, no entanto, estão
construindo uma térmica. Isto não é incoerente?
Dentro da política de
sustentabilidade, energia renovável é sem dúvida uma questão chave para manter
o desenvolvimento sustentável do Brasil. Acreditamos que a matriz energética
brasileira continuará sendo exemplo no mercado mundial, com mais de 80% de
fontes renováveis, com forte presença das hidrelétricas, eólicas e biomassa,
como proposto nos estudos sobre planejamento energético de longo prazo
publicados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE).
No entanto, para garantir
o desenvolvimento sustentável do Brasil é importante garantir a continuidade do
fornecimento energético, mesmo em cenários de seca e de reduzido nível dos
reservatórios. Nesse sentido, o grupo AES acredita que existe um papel
importante para as fontes flexíveis de geração de energia, como segurança de
fornecimento para o Sistema Interligado Natural.
Vivemos nesse exato
momento um cenário de severas restrições hidrológicas, com níveis de
reservatórios abaixo do normal devido à falta de chuvas e incapacidade de
suprimento da demanda somente com fontes renováveis. O Operador Nacional do
Sistema (ONS) está despachando forma contínua as térmicas a gás natural e a
óleo combustível há algumas semanas para garantir o suprimento energético
necessário à manutenção das atividades
industriais, comerciais e residenciais.
Desse modo, e em
consonância com a argumentação apresentada na resposta 14, a segurança energética
torna-se um tema chave da discussão para manutenção dos índices de crescimento
projetados para os próximos anos.
O grupo AES tem em sua
estratégia a diversificação da matriz como um fator primordial da
sustentabilidade do setor elétrico. Dentre os combustíveis fósseis, o gás
natural é o de menor emissão média de CO2 por MWh gerado, sendo
equivalente a 73% das emissões geradas em usinas abastecidas a óleo
combustível, 76% por óleo diesel e 53% daquelas abastecidas a carvão mineral.
Reiteramos nosso
compromisso com o desenvolvimento sustentável do país ao propormos um modelo de
elevada eficiência para a geração de energia elétrica de forma segura e
contínua para o país, usando a melhor tecnologia disponível e o combustível de
menor emissão de gases de efeito estufa disponível atualmente.
31- Por que somente 25,79% dos consumidores de baixa renda são
registrados pela Eletropaulo no programa Bolsa Família, enquanto no RS é 100 %?
Atualmente os critérios
para cadastramento dos consumidores no programa de baixa renda são diferentes
daqueles adotados pelo programa bolsa família.
De acordo com a lei
10.438/02, em vigor até 2010, as bases para cadastramento na classe denominada
“tarifa social”, que corresponde aos consumidores de baixa renda, era a mesma
do programa bolsa família e, diante desse fato, convencionou-se que 100% dos
casos eram compatíveis.
Com a Lei 12.212/10, o
enquadramento na tarifa social passou a considerar 0,5 salário mínimo per
capita, criando uma diferenciação dos critérios praticados pelo programa bolsa
família. Essa diferenciação se mostrou mais aplicável à AES Eletropaulo do que
à AES Sul no período.
32- Qual o perfil dos 600 ditos colaboradores que fizeram o curso de
educação para sustentabilidade.
São gerentes e
coordenadores participantes do programa de desenvolvimento de lideranças
(chamado de PDL) do Grupo que tem por objetivo a disseminação, por meio das
lideranças, dos conceitos de sustentabilidade aplicados no dia a dia da
companhia.
33- O relatório de auditoria da KPMG afirma que sua asseguração foi
"limitada". Assim gostaria de saber quais foram os indicadores do GRI
não auditados pela KPMG.
A asseguração de relatórios de sustentabilidade
basicamente pode ser dividida em dois tipos: limitada e razoável. Em ambos os
casos não são auditados todos os indicadores, mas uma amostra do total
reportado. O que difere uma da outra é a quantidade e profundidade dos testes
realizados. O critério de quais indicadores são verificados passa pelo conceito
de materialidade, ou seja, aqueles que são percebidos como relevantes para as
partes interessadas.
É relevante destacarmos que a carta de
asseguração apresentada no Relatório de Sustentabilidade da AES Brasil refere-se
ao processo de diálogo com nossos públicos de relacionamento, conforme
apresentado na imagem abaixo extraída da página 109 do documento., motivo pelo
qual não declaramos o relatório como B+, mas sim como B.
Em 2012 os relatórios de sustentabilidade da AES
Eletropaulo, AES Sul e AES Tietê serão objeto de verificação independente pela
KPMG.
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